Dou aqui meu depoimento a respeito. Corria o ano de 1978. Eram notórias duas gafieiras no centro do Rio: a Democráticos, herança do tempo das grandes sociedades, e a Elite, que atraía legiões de arrogantes cocotas da zona sul e estava perdendo suas características. A gafieira Elite tinha umas idiossincrasias, tinha dia do ano que promoviam uma procissão que percorria o salão, por exemplo. Outras vezes, elegia a Rainha da Elite, que tinha de ser uma das frequentadoras do local. Aí era bonito. Também tinha concurso de culinária das frequentadoras. Acolhia gente como Abel Ferreira, o clarinetista e Altamiro Carrilho, o flautista, dando canja, de vez em quando, quando ainda não tinham retomado o estrelato.
Isidro, um espanhol, como todos, ou quase todos, que exploram a noite do Rio, um dos proprietários da Elite rompeu a sociedade e se retirou com sua parte.
Eu e Helena, com quem namorava na época, passeávamos pelas imediações do Amarelinho, um "point" intelectual, na época. Nos juntamos a um casal, que tínhamos afinidade tão somente porque, como eles, costumávamos dançar nessas gafieiras.
Os mais antigos falavam de uma gafieira, a Estudantina, que ficava na Praça Tiradentes, que tinha fechado as portas havia já alguns anos.
Eis que nos deparamos com Isidro em pessoa acompanhado, aparentemente, de sua esposa, se bem que esta parecia bem mais nova do que ele. Sentamos em uma mesa de um daqueles bares nas imediações do Amarelinho e conversamos sobre o futuro da gafieira. Na época, nem sonhávamos com a possibilidade da idade de ouro da gafieira retornar, ganhando um esplendor que nunca tinha conhecido, já que, no primeiro período de ouro, as gafieiras eram mais um arremedo dos cassinos, frequentadas por gente sem recurso para desfilar pelos salões da Urca e outros locais requintados.
Isidro falou que, muito ao contrário de sua aposentadoria, pretendia abrir uma nova gafieira, pretendendo "voltar" a suas origens, que segundo ele (e nós concordávamos) andava perdendo suas características. Música boa, recuperando os tempos das grandes orquestras, que a Tabajara de Severino Araújo servia de arquétipo. A idéia parecia ótima. Até aquele momento, a música das gafieiras não passava de um quinteto com os metais no máximo compostos de um pistão e um trombone. O resto era feito por um teclado elétrico (cujos recursos, naquele tempo, estavam longe de ser satisfatórios), uma guitarra, um baixo e uma bateria de músicos há muito passados da idade de aposentadoria, mas que continuavam no batente porque a pensão do INSS, já naqueles anos, ficava muito aquém do mínimo necessário a uma vida decente.
"Onde será a nova 'casa'?", nos perguntamos. Isidro respondeu: na Praça Tiradentes, tem um galpão vazio lá. "Onde era a Estudantina?", perguntou Helena. Sim, respondeu Isidro, com uma cara de inocente simulado. Isidro escondia alguma coisa, como todo homem de negócio, especialmente da noite. E o nome? "Gafieira Tiradentes", respondeu Isidro. "Por que não Estudantina?", nós, em uníssono. "É. Pode ser. Vou pesquisar os direitos da marca". Isidro escondia essa informação. Por que? Não sei. Queria sondar o efeito do nome entre seus "usuários"? Não queria gastar dinheiro "comprando" os direitos do nome "Estudantina"?
Enfim, após alguns dois ou três meses, fomos todos estrear a dança na Gafieira Tiradentes, ao som da Orquestra Reversom (pronuncia-se réverssom), com seus metais sob o comando do maestro e pistonista Eraldo, da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio. Foram uns quatro ou cinco anos depois que o nome Tiradentes mudou para Estudantina. Passamos a ter a Estudantina recriada. Eu já estava fora do país, casado com Sonia, pai de Guido, tentando, nós dois, um doutorado.
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
domingo, 19 de agosto de 2012
Elio Gaspari e as cotas na universidade
Elio Gaspari, apaixonadamente favorável à política de cotas na universidade, faz um comentário, hoje, até que moderadamente, do assunto. Não sou um leitor assíduo dele, mas leio muitas de suas colunas às 4as-feiras e domingos no Globo. Como já disse anteriormente, não vejo vantagem nessa política. Ao contrário, vejo resultados perniciosos. O curioso é que os defensores dessa política não consideram, nem de raspão, a tolerância do sistema, em termos de qualidade, à política de cotas generalizadas. Pelo quê estamos lutando, afinal? Encontrar diplomas de médico ou engenheiros negros nos consultórios e escritórios da vida? Essa é a visão de democracia que temos? Vale perguntar do nível de capacitação dos nossos profissionais frente a outros países, concorrentes diretos na briga do comércio mundial? Tanto faz se é negro ou branco. Nossos profissionais são capazes? Ninguém do partido das cotas, Elio Gaspari inclusive, se pergunta. Será que eles acham que a "qualidade" vem com o tempo? Ou se conformam com a expressão: "isso é para uma etapa posterior", que em português claro quer dizer: "que outros se ocupem desse problema". Ignoram, e fazem questão de ignorar que TODO processo de melhoria de qualidade, decorre de um sistema SELETIVO. Não existe outro. É uma imposição da mãe natureza (vide a lei da evolução das espécies, de Darwin). Mesmo nos países ditos "comunistas", onde o processo chega às raias do desumano (vide últimas matérias sobre o "treinamento" das crianças chinesas), o processo é, basicamente, seletivo. Processo esse que está sendo negado, triturado, trucidado, nessa política geral de cotas brasileira. Ao invés de procurar a melhoria, vamos na contramão. Sem processo seletivo, o sistema tende a degenerar. Uso o termo não no sentido moral, mas no sentido matemático. "Degenerecência" é a situação de perda de uma qualidade específica em prol de uma qualidade genérica. Não se espera que uma variável degenerada tenha um certo valor, e sim, qualquer valor. Então, senhores apaixonados defensores das "cotas para tudo", a "democracia" está chegando às universidades, isto é, estamos nivelando por baixo. E não é pela presença de negros ou qualquer outro tipo de "cotista", e sim pela absoluta falta de interesse no assunto. Vamos jogar nossa paixão na luta por um sistema educacional brasileiro que preste? Não só universitário, mas desde o básico? Aí, então, que as melhores escolas atendam os melhores talentos, sejam eles brancos, negros ou amarelos. Oportunidade é para todos, não para alguns negros, alguns nordestinos ou alguns favelados às custas de uma maioria de negros, nordestinos, favelados e brancos pobres. Do jeito que está, o que Elio Gaspari menciona, em tom jocoso, daqueles que prenunciavam o fim do mundo, o que podemos dizer é: "menos, Elio, menos. Não é do mundo, nem do Brasil, é da Universidade. E estamos assistindo um filme que vai terminar com seu fim". Ou alguém acha que a "elite" vai ficar passivamente vendo seus filhos frequentarem esse pardieiro que a coisa vai ficar. Eles vão procurar alternativas. E tem posses para isso. Enquanto isso, a classe média remediada brasileira..., deixa prá lá.
domingo, 12 de agosto de 2012
Veríssimo e o ouro de Berlim
Veríssimo quer que os alemães devolvam o ouro que os nazistas levaram da Grécia. Também acha que os europeus deveriam pagar o ouro que levaram da América. Parou aí? E a pilhagem do Templo e escravização dos palestinos para construir o Coliseu pelos romanos? E os tesouros pilhados no Caribe, os ataques dos franceses no Brasil?
A bem dizer da verdade, a questão não é "devolver" o que levou. Estão demonizando os alemães mas não veem o que eles estão propondo. Para gente como Veríssimo (que me decepcionou faz tempo, alguém capaz de produzir textos tão deliciosos não tem inteligência para ver as coisas além da superfície) a questão é: os gregos precisam de ajuda! Não vão ajudá-los? Se você ver o que os alemães estão propondo (sim, eles tem uma proposta!) não se trata de, simplesmente, dizer não. As razões para a crise grega tem raízes na própria atitude dos gregos. Dizer: "a crise tem origem nos EUA" é a resposta? Primeiro, isso tem cara da velha mania de imputar aos outros a culpa pelas próprias limitações. Depois, se isso é verdade, os gregos (e quem mais se achar "vítima" da crise americana) pecam por depender demais dos americanos. Finalmente, olhando de perto para o sistema politico e econômico da Grécia, as razões da crise estão bem mais no lado interno do que o externo. Afinal, se os alemães "ajudam", mesmo em nome de um canhestro acerto de contas pelo ouro "pilhado", sem que uma correção radical na maneira dos gregos viverem e se organizarem, daqui a um tempo estaremos, novamente, clamando pela ajuda aos coitados dos gregos. Aí Veríssimo se encarrega de fazer a reserva de riqueza, que os alemães devolvam (melhor, paguem) pelo tesouro histórico pilhado. Depois... será ajuda humanitária, mesmo. Enfim. Os alemães, povo que sofreu o diabo com seus modos perdulários, aprenderam a poupar, se organizar, criar um sistema político afinado com seu modo de vida. Aí, vai uma ajuda dos ingleses e americanos (será que eles teriam de pagar por isso, também?). Agora, quando os alemães elevam a idade de aposentadoria para 67 anos, os gregos vão às ruas para protestar porque querem derrubar a aposentadoria na ordem dos 50! Por que os alemães tem que trabalhar mais de dez a mais? O que dizem os alemães é: vocês aí da Grécia, acertem suas vidas, vivam conforme suas possibilidades. Então ajudaremos. Mas nossos amigos "da esquerda" preferem por a culpa nas "pilhagens". Eu me pergunto qual é o conceito de riqueza que essas pessoas tem.
A bem dizer da verdade, a questão não é "devolver" o que levou. Estão demonizando os alemães mas não veem o que eles estão propondo. Para gente como Veríssimo (que me decepcionou faz tempo, alguém capaz de produzir textos tão deliciosos não tem inteligência para ver as coisas além da superfície) a questão é: os gregos precisam de ajuda! Não vão ajudá-los? Se você ver o que os alemães estão propondo (sim, eles tem uma proposta!) não se trata de, simplesmente, dizer não. As razões para a crise grega tem raízes na própria atitude dos gregos. Dizer: "a crise tem origem nos EUA" é a resposta? Primeiro, isso tem cara da velha mania de imputar aos outros a culpa pelas próprias limitações. Depois, se isso é verdade, os gregos (e quem mais se achar "vítima" da crise americana) pecam por depender demais dos americanos. Finalmente, olhando de perto para o sistema politico e econômico da Grécia, as razões da crise estão bem mais no lado interno do que o externo. Afinal, se os alemães "ajudam", mesmo em nome de um canhestro acerto de contas pelo ouro "pilhado", sem que uma correção radical na maneira dos gregos viverem e se organizarem, daqui a um tempo estaremos, novamente, clamando pela ajuda aos coitados dos gregos. Aí Veríssimo se encarrega de fazer a reserva de riqueza, que os alemães devolvam (melhor, paguem) pelo tesouro histórico pilhado. Depois... será ajuda humanitária, mesmo. Enfim. Os alemães, povo que sofreu o diabo com seus modos perdulários, aprenderam a poupar, se organizar, criar um sistema político afinado com seu modo de vida. Aí, vai uma ajuda dos ingleses e americanos (será que eles teriam de pagar por isso, também?). Agora, quando os alemães elevam a idade de aposentadoria para 67 anos, os gregos vão às ruas para protestar porque querem derrubar a aposentadoria na ordem dos 50! Por que os alemães tem que trabalhar mais de dez a mais? O que dizem os alemães é: vocês aí da Grécia, acertem suas vidas, vivam conforme suas possibilidades. Então ajudaremos. Mas nossos amigos "da esquerda" preferem por a culpa nas "pilhagens". Eu me pergunto qual é o conceito de riqueza que essas pessoas tem.
quarta-feira, 2 de maio de 2012
STF aprova política de cotas
Ao aprovar a PCAPA, as políticas de cotas que assolam o país por unanimidade, o STF mostrou que é composto de arrivistas. Ao livrar a cara de um estuprador de uma menina de 12 anos, o STF mostrou que é inócuo. Ao mandar soltar, com direito a sursis antecipado, um assassino confesso de uma jornalista, sua ex-namorada, o STF mostrou que é temerário. Ao libertar um político corrupto, procurado no mundo inteiro pela Interpol, dando a ele imunidade completa em território nacional, o STF mostrou que é tanto ou mais corrupto. STF, uma instituição desnecessária.
quarta-feira, 25 de abril de 2012
Miúdos
- Delegada Martha Rocha está sendo alvo de representação administrativa pelo Sindicato dos Delegados da Polícia Civil. Entre outros, chama atenção o argumento: afastamento de um delegado em Campo Grande "ocasiona pressão psicológica nos policiais e, por consequência, uma baixa produtividade". Essa é boa. Se isso é verdade, esses senhore(a)s deveriam é serem exonerados. Policial que não sabe trabalhar sob pressão é melhor procurar outra coisa para fazer. Bordado, por exemplo.
- STF julga hoje questão de cotas na universidade. Para mim, isso tem cara de cortina de fumaça. Esconde o problema muito maior da degradação generalizada do ensino no Brasil, em todos os níveis, público e privado. De que adianta empurrar gente para dentro da universidade se estamos formando gerações de semi-analfabetos? Houvesse o mesmo entusiasmo na moralização do ensino no Brasil, talvez as coisas não estivessem tão ruins.
- Barcelona... sou Chelsea desde criancinha!
- UFC. O palhaço falastrão e dublê de ultimate fight Chael Sonnen disse que mandaria "escova de dentes e sabão" ao Brasil e que enquanto ele brincava com as últimas novidades tecnológicas, os brasileiros brincavam na lama. Ele tem razão. E pior, seus brinquedos altamente tecnológicos sempre foram porcamente copiados por aqui, por conta da "proteção da indústria nacional". A verdade dói e dói mais ainda quando não reconhecemos nossa condição. Independente disso, acho que ele vai apanhar feio de Anderson (não é este um nome "copiado" deles?).
quarta-feira, 11 de abril de 2012
Harvard, MIT & Brazil...
Elio Gaspari comenta que os bilionários brasileiros, ao contrário de seus pares americanos, não promovem filantropia acadêmica, como as que criaram a Universidade de Harvard e MIT. Elio Gaspari se esquece que há uma diferença fundamental, além da capacidade de juntar dinheiro, entre os "bi" de lá e os de cá. Lá, pelo menos desde o século passado, as pessoas são ricas porque desenvolvem negócios que alcançam dimensão nacional e internacional. Suas fortunas são fruto do talento e trabalho. Na maioria das vezes, às custas da exploração de mão de obra barata e em algumas, da vida de seus empregados, mas isso é tema de uma outra discussão e não invalida os termos de nossa comparação. Já nossos "bi", na quase totalidade, fizeram fortuna em consequência da cumplicidade com o poder público. Nossa cultura latina impõe um vínculo na maneira de fazer negócios no Brasil: donos do poder público escolhem seus parceiros e se associam a eles para explorar em cima de "brechas" legais, ou até mesmo de legislação elaborada expressamente para favorecer seus negócios. Então, aí está a diferença: lá quem enriquece é por ação capitalista, através do processo de acumulação de capital pura; aqui o rico é o contemplado pelo poder em um modo de operação semelhante ao mafioso. Bill Gates, um dos maiores bilionários de lá, fez dinheiro aproveitando uma brecha aberta pela inovação tecnológica. É verdade que o produto que ele colocou no mercado é suspeito em termos de qualidade (vide a tolerância das versões do MS-Windows com virus e outros porcarias que inventaram desde seu lançamento), mas a aceitação do mercado é incontestável. Por outro lado, o que já ouvi sobre a forma com que nosso maior bilionário fez sua fortuna me impede de tecer comentários sob o risco de comprometer minhas gerações bem além do que fizeram a Tiradentes, na pena a que foi submetido. Então, Sr. Elio Gaspari, por que os bilionários daqui não fazem como os de lá, nos States? Porque lá, criar universidades e centros de pesquisa lhes possibilitarão uma credibilidade que consolidará sua posição de bilionários. Aqui, para nossos "bi", tanto faz. O melhor é encher nossos políticos de mimos, dinheiro e sociedades. É muito mais barato.
quarta-feira, 21 de março de 2012
Ex-menor deliquente é preso
Lembro de Lula falando: "Daqui a pouco vão querer prender a criança na barriga da mãe". Frase quase genial, pois calou a boca daqueles que defendem baixar a idade de maioridade penal para 16 anos. Certamente esses defensores trazem uma pequena carga de culpa, uma vez que se calaram diante da frase de Lula. É um paradoxo, afinal. Qual é a idade da "consciência de seus atos"? Dezesseis, dezoito, três, ou estado fetal, como levantou Lula? E eu pergunto: isso é relevante? Essas questões aparecem a mim diante da notícia que sai nos jornais de hoje. Ezequiel Toledo da Silva conta 21 anos de idade, atualmente. Quando contava 17, participou do assalto em Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, em que tomaram o carro de uma mulher que não teve tempo de tirar completamente seu filho de 7 anos do carrinho de segurança no banco de trás. O garoto foi arrastado por quilometros preso ao cinto de segurança. Diante de alertas os bandidos soltavam piadas a respeito.
O garoto morto, João Hélio, tinha uma semelhança com Ezequiel, do bando: ambos eram menores. Pois bem, diante do que Lula disse, tenho uma pergunta: qual é a diferença entre João Hélio e Ezequiel? Haveria diferença se os papeis fossem invertidos? Pelo exame frio e calculista, jamais saberemos a resposta. João Hélio não viveu para observarmos seu comportamente desde então. Porque a pergunta se coloca no sentido de "um garoto, aos 7 anos, que vai no banco de trás de um automóvel com a mãe e irmã de 13 anos, em uma cadeira de segurança concebida para tal fim, preso a um cinto de segurança pode, aos 17 anos, praticar um crime hediondo como esse em que Ezequiel participou"? Não sabemos.
Sabemos a sequência da vida de Ezequiel, que sobreviveu. Conta o jornal que, recolhido a uma unidade educativa (?) para menores infratores, na Ilha do Governador, Ezequiel participou de uma tentativa de asfixiamento a um agente da unidade. Tentou fugir, mas isso conta como atitude natural, não é? Nem chacal gosta de ficar preso. Hoje, aos 21, Ezequiel foi preso em Iguaba, Região dos Lagos, por posse ilegal de armas de fogo, tráfico de drogas e delitos associados. Aos 19, Ezequiel havia contado com sua inclusão em serviço de proteção a menores ameaçados de morte. Pobre Ezequiel! Acho que João Hélio, se vivesse, deveria ser beneficiado com esse serviço também, não acham?
Seguindo o exemplo de Ezequiel, quero deixar minha colaboração ao debate e complementar a frase de Lula, que me parece, ficou incompleta: "Por que, então, não transferimos a maioridade penal para 21 anos? Essa já é a idade mínima da responsabilidade civil, não é? E se colocássemos 25 anos? É a idade em que a pessoa está no auge de sua condição física, dizem os profissionais. Mais ainda, por que não fixamos a maioridade penal em 31 anos? Aí teríamos certeza que o indivíduo teria a completa 'consciência de seus atos', como querem os jurisprudentes deste país".
O garoto morto, João Hélio, tinha uma semelhança com Ezequiel, do bando: ambos eram menores. Pois bem, diante do que Lula disse, tenho uma pergunta: qual é a diferença entre João Hélio e Ezequiel? Haveria diferença se os papeis fossem invertidos? Pelo exame frio e calculista, jamais saberemos a resposta. João Hélio não viveu para observarmos seu comportamente desde então. Porque a pergunta se coloca no sentido de "um garoto, aos 7 anos, que vai no banco de trás de um automóvel com a mãe e irmã de 13 anos, em uma cadeira de segurança concebida para tal fim, preso a um cinto de segurança pode, aos 17 anos, praticar um crime hediondo como esse em que Ezequiel participou"? Não sabemos.
Sabemos a sequência da vida de Ezequiel, que sobreviveu. Conta o jornal que, recolhido a uma unidade educativa (?) para menores infratores, na Ilha do Governador, Ezequiel participou de uma tentativa de asfixiamento a um agente da unidade. Tentou fugir, mas isso conta como atitude natural, não é? Nem chacal gosta de ficar preso. Hoje, aos 21, Ezequiel foi preso em Iguaba, Região dos Lagos, por posse ilegal de armas de fogo, tráfico de drogas e delitos associados. Aos 19, Ezequiel havia contado com sua inclusão em serviço de proteção a menores ameaçados de morte. Pobre Ezequiel! Acho que João Hélio, se vivesse, deveria ser beneficiado com esse serviço também, não acham?
Seguindo o exemplo de Ezequiel, quero deixar minha colaboração ao debate e complementar a frase de Lula, que me parece, ficou incompleta: "Por que, então, não transferimos a maioridade penal para 21 anos? Essa já é a idade mínima da responsabilidade civil, não é? E se colocássemos 25 anos? É a idade em que a pessoa está no auge de sua condição física, dizem os profissionais. Mais ainda, por que não fixamos a maioridade penal em 31 anos? Aí teríamos certeza que o indivíduo teria a completa 'consciência de seus atos', como querem os jurisprudentes deste país".
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