domingo, 19 de agosto de 2012

Elio Gaspari e as cotas na universidade

Elio Gaspari, apaixonadamente favorável à política de cotas na universidade, faz um comentário, hoje, até  que moderadamente, do assunto. Não sou um leitor assíduo dele, mas leio muitas de suas colunas às 4as-feiras e domingos no Globo. Como já disse anteriormente, não vejo vantagem nessa política. Ao contrário, vejo resultados perniciosos. O curioso é que os defensores dessa política não consideram, nem de raspão, a tolerância do sistema, em termos de qualidade, à política de cotas generalizadas. Pelo quê estamos lutando, afinal? Encontrar diplomas de médico ou engenheiros negros nos consultórios e escritórios da vida? Essa é a visão de democracia que temos? Vale perguntar do nível de capacitação dos nossos profissionais frente a outros países, concorrentes diretos na briga do comércio mundial? Tanto faz se é negro ou branco. Nossos profissionais são capazes? Ninguém do partido das cotas, Elio Gaspari inclusive, se pergunta. Será que eles acham que a "qualidade" vem com o tempo? Ou se conformam com a expressão: "isso é para uma etapa posterior", que em português claro quer dizer: "que outros se ocupem desse problema". Ignoram, e fazem questão de ignorar que TODO processo de melhoria de qualidade, decorre de um sistema SELETIVO. Não existe outro. É uma imposição da mãe natureza (vide a lei da evolução das espécies, de Darwin). Mesmo nos países ditos "comunistas", onde o processo chega às raias do desumano (vide últimas matérias sobre o "treinamento" das crianças chinesas), o processo é, basicamente, seletivo. Processo esse que está sendo negado, triturado, trucidado, nessa política geral de cotas brasileira. Ao invés de procurar a melhoria, vamos na contramão. Sem processo seletivo, o sistema tende a degenerar. Uso o termo não no sentido moral, mas no sentido matemático. "Degenerecência" é a situação de perda de uma qualidade específica em prol de uma qualidade genérica. Não se espera que uma variável degenerada tenha um certo valor, e sim, qualquer valor. Então, senhores apaixonados defensores das "cotas para tudo", a "democracia" está chegando às universidades, isto é, estamos nivelando por baixo. E não é pela presença de negros ou qualquer outro tipo de "cotista", e sim pela absoluta falta de interesse no assunto. Vamos jogar nossa paixão na luta por um sistema educacional brasileiro que preste? Não só universitário, mas desde o básico? Aí, então, que as melhores escolas atendam os melhores talentos, sejam eles brancos, negros ou amarelos. Oportunidade é para todos, não para alguns negros, alguns nordestinos ou alguns favelados às custas de uma maioria de negros, nordestinos, favelados e brancos pobres. Do jeito que está, o que Elio Gaspari menciona, em tom jocoso, daqueles que prenunciavam o fim do mundo, o que podemos dizer é: "menos, Elio, menos. Não é do mundo, nem do Brasil, é da Universidade. E estamos assistindo um filme que vai terminar com seu fim". Ou alguém acha que a "elite" vai ficar passivamente vendo seus filhos frequentarem esse pardieiro que a coisa vai ficar. Eles vão procurar alternativas. E tem posses para isso. Enquanto isso, a classe média remediada brasileira..., deixa prá lá.

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