segunda-feira, 22 de março de 2010

A Fita Branca

Ontem vi esse filme de Michael Haneke e confesso que ele me apavorou. Longe de entender o filme no ponto de vista de Bruno Leal, não vejo o filme como uma tentativa de "explicação psicológica" para a origem do nazismo na Alemanha. Acho que o Sr. Bruno entende o filme como um "tratado" que encerra a discussão respeito. Pelo contrário, acho que o filme abre a questão. Creio que Haneke passa uma panorâmica na geração que, mais tarde, será nazista. E ele não alivia. O cinismo e a dissimulação de crianças e adolescentes, capazes de praticar crimes abomináveis é o que permeia toda a trama. "Reparação de injustiças", mesmo que para isso se impinja dor, morte e sofrimento em inocentes. Esse é um dos pilares em que se sustenta o nazismo dos anos 30. É claro que não é só sobre isso que se sustenta as bases do nazismo. É claro que existem as raízes históricas, sociais, políticas, etc, etc. Mas o que nos mostra Haneke em seu filme, é um momento particular disso que chamamos hoje de conflito de gerações, dessa transformação que se processa em que membros de diferentes gerações travam esse diálogo de surdos, o rompimento por parte da nova geração com a estrutura antiga que ela não entende e não tolera. Os antigos profundamente tomados pelo turbilhão que aparece a sua frente e que eles não entendem e que os supera em afetos que eles não conseguem domar, e que se manifesta no tom de voz emocionado e contido do pastor protestante e puritano. Ao mesmo tempo que os antigos se fazem de cegos diante de atrocidades antigas (o pai, médico, molestar sua filha, por exemplo), os jovens incontidos diante do que eles consideram inaceitável, se põem a "fazer justiça com as próprias mãos". A rigidez da educação e todas suas manifestações violentas e inconsequentes ensina a esses jovens a praticar o cinismo e a dissimulação. Pois bem, sem essa geração que se forma nessas condições, o nazismo não seria possível. Com todos os pré-requisitos históricos, sociais, políticos, etc.
Não vamos esquecer que o pastor, diante da manifestação da completa ausência de compaixão de sua filha que trucida o pássaro de estimação do pai como "reparação" por ter sofrido o castigo de algo de que não tinha culpa, diante da constatação de que seus filhos estariam na origem dos horrendos crimes que aterroriza a todos, cala-se, e prefere colocar panos quentes. É demais. Diante do extremo da maldade, o pastor, tão rigoroso a ponto de açoitar os filhos por eles não terem se apresentado para jantar, agora cala-se e prefere ameaçar o professor que desvendou a charada. O pastor cala-se diante do abominável, seja por não querer ver o médico bolinando sua filha, seja por constatar que seus filhos eram capazes de tanta maldade e calar-se.
O assustador é que isso está aí. Não se manifesta pelo ressurgimento do nazismo, pois não há os tais pré-requisitos. Mas está aí na origem do mal. Até quando vamos nos calar, nos fazer de cegos?

quinta-feira, 11 de março de 2010

Lula não queria ver Hillary

Como indica a foto do jornal, Lula posa feliz com Condolezza Rice mas declara que não queria ver Hillary porque "ministro fala com ministro". Lula diz que não é "vira-lata" mas acaba posando de "chacal". Querendo dar uma de "poderoso", termina por tão somente comer na mão de canalhas. Não me surprende. Esse povo de esquerda que se diz "vanguarda", que se volta "em favor" dos "desfavorecidos" não passa de covardes que sempre aspiraram alçar entre os poderosos sem conhecer outro caminho senão o da vilaneza. Sempre foi assim. Mas, pior são os idiotas que os suportam.