sábado, 27 de novembro de 2010

Carta Aberta a Arnaldo Bloch

Prezado Arnaldo,
Sua crônica de hoje é um tiraço na opinião do "acaba com tudo isso de uma vez e ficaremos felizes, livre dessa violência-bandidagem". Concordo com 99,9% de tudo o que você diz. Até a três parágrafos do final. É onde você expõe os motivos de sua crítica. O mercado ilegal das drogas. Não é que eu seja contra a liberação. Para ser sincero, não tenho opinião formada a respeito. Acho que o assunto é complexo demais para ser discutido em alguns parágrafos ou frases prontas.
Mas você me decepciona. Você vai fundo na questão da segurança, levanta opiniões de especialistas, conecta conceitos e informações para concluir, brilhantemente, que estamos muito, muito longe de uma solução.
Mas aí, termina por decretar a "solução definitiva"! Então é isso? Tudo se resolve com liberação das drogas? O que me faz espécie é que ao mesmo tempo em que você critica uma forma de pensar em resolver o problema, a utiliza logo em seguida para defender a "sua solução". Nossas mazelas são decorrentes do fato de, sendo de venda proibida, a violência aparece daí, da proibição das drogas. A liberação vai acarretar em uma diminuição da violência, já que se poderá comprar um "tapinha" na esquina, ou uma "carreirinha" na farmácia mais próxima, ou nas melhores casas do ramo. Não haverá espaço para exploração por bandidos e marginais. É isso, Arnaldo? Acho que eu estou perdendo alguma coisa. Me desculpe. Você vem e diz: "Reguladas, estas (as drogas) serão consumidas sob controle, como ocorre com o álcool e o tabaco".  Sob controle?! Você acha que o álcool e o tabaco são produzidos sob controle? Isso mostra, Arnaldo, que você não tem parente ou pessoa próxima, de quem você depende, entregue ao vício do alcoolismo. Se você tivesse um pai, ou mãe alcoólatra, saberia o que é "controle do álcool". Se você tem, então é um tremendo mané. Não é possível que você não tenha um amigo, ou especialmente, amiga, que não consegue se livrar do vício do tabaco, se destruindo dia a dia. Controle, né?
 Eu fico me perguntando se gente como você, defensor incondicional da liberação das drogas, imagina o que acontecerá com os atuais narco-traficantes. Acha que é "num passe de mágica"? Faltando o meio, acaba-se com a prática. É? Fico aqui pensando se Marcinho VP, Elias Maluco, Fernandinho Beira-Mar, e seus seguidores, frustrados com a "falta do mercado", vão passar a trabalhar como pedreiros, carpinteiros, padeiros... Tudo, é claro, após se formarem profissionais nas muitas escolas que surgirão, políticas sociais financiadas pelo dinheiro arrecadado dos impostos sobre as drogas. Gênio! Você sabe para onde vai o dinheiro arrecadado da venda dos cigarros? E das bebidas? Se sabe, me diga, Arnaldo. Eu duvido que vá para o tratamento das vítimas do vício. Que seja utilizado para financiar campanhas anti-tabaco ou álcool. Ou você chama essas propagandas tímidas anti-tabaco uma "campanha"? Quanto custa ao governo obrigar um anúncio de whisky a terminar com "beba com moderação"?
E é claro, drogas como crack e outros derivados tão ou mais nocivos, não terão mais espaço pois o consumidor vai ter a disposição produtos da melhor "qualidade" a venda no mercado oficial. É isso, Arnaldo? Consumidor de drogas prefere "o melhor"?
Finalmente, acho que você devia dar uma olhada não no mercado ilegal de drogas, mas sim, no de droga legalizada! Uma pesquisa no Colégio Santo Agostinho, Rio, constata que 30%, (veja bem, 30%) dos candidatos ao ingresso nessa escola são consumidores habituais de remédios de tarja preta. Ouvi que, na população brasileira em geral, essa porcentagem chega a 12% ou 17%, não sei ao certo, mas o que assusta é a cifra de dois dígitos. A psiquiatria atual, em sua nova terminologia/estratégia é um agente ativo na implantação das drogas na população.
Taí uma pequena amostra do que representa um mercado legal, Arnaldo. Dia a dia as coisas se degradam e não há sequer uma vírgula dedicada a respeito na grande imprensa. Mercado de drogas representa uma relação amo (o fabricante/vendedor) - escravo (o consumidor e viciado). Estamos no limiar de um novo tempo, "the dawning of the age of Acquarius", como preconiza a canção, agora novamente em voga, pela reapresentação de Hair. Uma era de retorno à escravidão. E não venha com o papo que, "se não der a gente volta a trás". Parece aquele que está prestes a detonar a bomba atômica: "se for muito forte, a gente interrompe a reação".
Vocês insistem em discutir de forma superficial a questão. Tenho medo de idiotas como você. Vocês detonam a bomba, e acham que estão fazendo o bem.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Lula e o ENEM

Lula disse que o ENEM deu certo, apesar das críticas de quem sempre foi contra. Disse isso a respeito dessa lambança do INEP. Então é isso. O iletrado Lula, o simplório e "homem do povo", como se "povo" fosse sinônimo de ignorância e repugnância ao saber, termina por se revelar um canalha. Por que não estou surpreso?