quarta-feira, 11 de abril de 2012

Harvard, MIT & Brazil...

Elio Gaspari comenta que os bilionários brasileiros, ao contrário de seus pares americanos, não promovem filantropia acadêmica, como as que criaram a Universidade de Harvard e MIT. Elio Gaspari se esquece que há uma diferença fundamental, além da capacidade de juntar dinheiro, entre os "bi" de lá e os de cá. Lá, pelo menos desde o século passado, as pessoas são ricas porque desenvolvem negócios que alcançam dimensão nacional e internacional. Suas fortunas são fruto do talento e trabalho. Na maioria das vezes, às custas da exploração de mão de obra barata e em algumas, da vida de seus empregados, mas isso é tema de uma outra discussão e não invalida os termos de nossa comparação. Já nossos "bi", na quase totalidade, fizeram fortuna em consequência da cumplicidade com o poder público. Nossa cultura latina impõe um vínculo na maneira de fazer negócios no Brasil: donos do poder público escolhem seus parceiros e se associam a eles para explorar em cima de "brechas" legais, ou até mesmo de legislação elaborada expressamente para favorecer seus negócios. Então, aí está a diferença: lá quem enriquece é por ação capitalista, através do processo de acumulação de capital pura; aqui o rico é o contemplado pelo poder em um modo de operação semelhante ao mafioso. Bill Gates, um dos maiores bilionários de lá, fez dinheiro aproveitando uma brecha aberta pela inovação tecnológica. É verdade que o produto que ele colocou no mercado é suspeito em termos de qualidade (vide a tolerância das versões do MS-Windows com virus e outros porcarias que inventaram desde seu lançamento), mas a aceitação do mercado é incontestável. Por outro lado, o que já ouvi sobre a forma com que nosso maior bilionário fez sua fortuna me impede de tecer comentários sob o risco de comprometer minhas gerações bem além do que fizeram a Tiradentes, na pena a que foi submetido. Então, Sr. Elio Gaspari, por que os bilionários daqui não fazem como os de lá, nos States? Porque lá, criar universidades e centros de pesquisa lhes possibilitarão uma credibilidade que consolidará sua posição de bilionários. Aqui, para nossos "bi", tanto faz. O melhor é encher nossos políticos de mimos, dinheiro e sociedades. É muito mais barato.

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