quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O Comércio Mundial da Carne e a Ópera do Malandro Otário

Foi em 2010, numa fazenda do Paraná. Uma rês bovina morreu de causas desconhecidas. Veterinário chamado, observa, faz testes e não chega a uma conclusão definitiva, mas ressalva que há suspeitas de "encefalite espongiforme", para os íntimos, o mal da vaca louca. O que se esperaria? Sinal vermelho ligado, isolamento, início de um processo de investigação e formação de um comitê de especialistas, anúncio do fato às autoridades mundiais, convite a emissários de todos os países importadores ou não para o acompanhamento de todo o processo dentro dos estritos preceitos da transparência total. Friso esses dois últimos porque são parte de procedimentos fundamentais ao nosso comércio exportador. Credibilidade é tudo nesse ramo e sua perda pode trazer prejuízos tão imensos que pode levar o país à bancarrota.
Aí que está o elemento da "malandragem otária" de nossos dirigentes atuais. O governo atual parece desconhecer por completo os fundamentos da chamada "teoria da estratégia". Ignoram, muito provavelmente porque, derivada da "teoria dos jogos", ela certamente é instrumento de um "capitalismo carcomido" e portanto desprezível enquanto base de pensamento. "Está tudo em Gramsci, leiamos Gramsci, portanto". Do contrário nossos mandarins saberiam que "do outro lado da mesa" encontram-se personagens que sabem tanto ou mais do que nós, e que estão dispostos a "assumir atitudes defensivas" (para ficar no jargão popular) no sentido de preservar seus interesses. E que não basta um "papo", estratégia de sedução e "jurar de pé junto" que está tudo bem, pois esses senhores vão fazer valer critérios que, se não os conhecermos, vingarão e não saberemos reverter, não saberemos tomar as iniciativas que neutralizam essas decisões contrárias.
Uma coisa é certa. Esconder não é uma estratégia. Omitir fatos podem manter o fluxo do comércio por um pequeno período. Uma vez o "segredo" descortinado perde-se a credibilidade, e esta não será recuperada tão rapidamente. Enquanto não a temos, amargaremos boicotes, perda de preferência, depreciação de preços e outras consequências funestas da estratégia "malandra" que nossos dirigentes adotam.
O mais incrível é que as autoridades brasileiras creditam essa crise da carne à imprensa brasileira que veiculou, com dois anos de atraso, a notícia do incidente no Paraná. "Não fosse essa imprensa golpista, que só quer o mal do Brasil", não teríamos esse problema.
Mais incrível ainda é que esse episódio é tratado pela "grande imprensa", com muita cautela. Notícias a respeito saem somente em blogs e a partir da página 5 dos jornais impressos. Na mídia audio-visual, nada! Apenas menção genérica que Rússia, Japão, Coréia, China, para falar dos maiores importadores inciaram um "boicote" à carne brasileira. Esse excesso de cautela me faz espécie. Em outros tempos teríamos manchete de primeira página, entrevistas com especialistas nas rádios e matérias in loco nas televisões abertas.
Fico estarrecido com a benevolência que a grande imprensa reserva ao governo PT.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Corinthians campeão do mundo!

Ingleses torcedores do Chelsea, transtornados, retornam às suas residências, ao lado da estação de metrô. Perderam para um time desconhecido, em um torneio esquisito lá no outro canto do mundo. Corintianos, em êxtase retornam aos seus barracos de favela na periferia, de kombi e outros transportes "alternativos". Troquem Chelsea por Liverpool e corintianos por flamenguistas e teremos o mesmo cenário de 2012 em 1981. O que mudou? Os militares sairam do poder, tivemos Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma. De um e de outro temos discursos garantindo o quanto eles foram importantes e incrivelmente necessários.
Mas o que mudou?
A cor do fanatismo. Era vermelho e preto, agora é preto e branco. A pobreza, a ignorância, a violência, a miséria moral continuam no mesmo. Bote aí anos de cotas raciais, sociais e sexuais (essa última ainda não existe mas é uma questão de tempo). O brasileiro ganhou diploma universitário para poder pendurar nas paredes de seus barracos e depois morrerem baleados nas córregos de valas negras no meio da rua.
Porque eu não caio nesse papo de que esse surto de crescimento econômico, fruto de uma condição externa favorável, mais austeridade monetária, seja "criação de Lula". Para ser sincero, acho até, que os petistas perderam mais uma oportunidade de colocar o Brasil minimamente num caminho decente. Perderam seu tempo negociando cargos e votos com pe-ême-debistas e outros partidecos fisiológicos. Como o governo Sarney. A diferença é que Lula teve um governo anterior com gente sabendo o que estava fazendo com nossa moeda (quem acha que foi FHC, vai tirando o cavalo da chuva: foi Itamar. FHC também se aproveitou). Só por isso o governo Lula não foi pior ou tão ruim quanto o do Sarney.
Viva o Brasil! Salve o Corinthians. Se os brasileiros fossem fanáticos só no esporte, se os petistas fossem corintianos só no futebol...