domingo, 17 de fevereiro de 2013

Joesley Batista X Warren Buffet

Cada povo tem o bilionário que merece. Os ricos representam o poder. O poder é frequentado por todo tipo de arrivista (por que não incluir rico nessa classe de gente?). O que leva essas pessoas a correr atrás do poder como cão atrás de cadela no cio é assunto para outros cantos. O fato é que é assim. Digamos que se há poder é porque há esse tipo de gente. Cada sistema político  e econômico define os poderosos. Na França da monarquia absolutista tínhamos um acervo de múmias mal ajambradas, sado-maso-pedófilas, muito bem descritas por Sade, o marquês viceralmente antimonarquista que se decepcionou com a Revolução, e por isso passou a maior parte de sua vida na cadeia ou em hospícios. Na Roma antiga, os poderosos eram gente que de tão rica, acabou se perdendo em intrigas palacianas que levaram Roma à total decadência. Mas, foi lá que se criou os modos aristocráticos que hoje vicejam na Grã-Bretanha, que, apesar da monarquia, criou um império, que mesmo desfeito, faz dos britânicos os "pais" da cultura moderna.
Nos EUA, a terra das oportunidades, onde há comunidades que proibem a entrada de agentes, sejam eles federais, estaduais ou municipais, onde se tem liberdade tanto para morrer de fome, quanto para acumular tanta riqueza quanto se possa, há milionários, bilionários, poderosos de todo tipo e comportamento. Caracterizam-se pelos hábitos mais excêntricos e esquisitos, tais como doar tudo que têm, ainda em vida, para instituições que cuidam, por exemplo, de ratinhos do deserto do Novo México, usualmente, presas de coiotes, com o único intuito de salvar estes. Há, inclusive, bilionário que deixa, previamente, US$ 1 bilhão para os filhos e todo o resto (e põe resto nisso) deixa para instituições de ajuda aos famintos africanos. Depois, com os parcos dólares que lhe restam, usa a crise de origem imobiliária para  ficar bilionário de novo. Trata-se de Warren Buffet.
Pelo que se lê de Elio Gaspari hoje, Mr. Buffet é um sujeito legal, se comparado com o "nosso" Buffet, esse Joesley Batista, dono da nossa cerveja, da metade dos hamburgers dos States e Europa e agora, pelo visto, das salsichas, mostardas e ketchups do mundo inteiro. Eu não conheço nenhum dos dois. Pelos meus critérios de simpatia, tenho uma intuição de que não suportaria nenhum deles. Tenho uma regra que diz que quanto mais canalha, mais o sujeito se apresenta como bom samaritano. Mas isso não tem a menor importância. O que se compara aí, é que esse Joesley usa e abusa do BNDES. O BNDES, pelo que entendo, é um subproduto da ditadura militar, de um grupo de liberais nomeados por Castello Branco, o primeiro ditador, e que, com um poder que nenhum liberal aceitaria, criaram o BNDE (na época sem o "S" do social, que nem os pêlos do bigode do Sarney) e a Correção Monetária. Essa tornou-se um dos maiores processos de realimentação da inflação, já prescrita (mas não eliminada) e aquele foi aproveitado pela demagogia festiva dos socialistas-nacionalistas da atualidade.
Elio Gaspari sustenta que o nosso Buffet não se "compara" com o modelo pois ele não "sobreviveria" sem o BNDES. O Elio não fala é que uma instituição como o BNDES, nos moldes do BNDES é impensável nos States. A simples menção de um banco que usa recursos públicos para financiar projetos privados a juros subsidiados seria motivo suficiente para se prender o autor da idéia como propagador do comunismo.
Cada poderoso é fruto de seu meio. Warren Buffet, se fosse brasileiro se chamaria Joesley Batista. Porque ninguém minimamente racional dispensaria o apoio do BNDES e de todas as leis protecionistas, paternalistas, clientelistas, cabretistas que vicejam por nossas terras. Nunca teremos Warren Buffet, Steve Jobs, Bill Gates ou Henry Ford. Teremos, pelo resto de nossas brasileiras existências, um desfilar de espertalhões pintando de empresários cuja maior virtude é a de copiar o que os outros fazem. E até nisso eles perdem para os chineses.
E o governo do PT? Preocupado em impor interesses sindicalistas para quem se beneficia do crédito do BNDES. Preocupado em fechar as contas através de artifícios contábeis.
Bom mesmo, é a política de cotas, coisa que os americanos já viram que não funciona e já acabaram com isso. Mas, no Brasil, ah!, é isso o que vai democratizar tudo. Os picaretas se apresentando como empresários vão mudar de cor. Mas aí, tudo bem! Ups! Arrisco, aqui, de ser processado como racista. Não pessoal! Eu me enganei. Os empresários quando forem negros serão ótimos. Black is beautiful!