quarta-feira, 22 de maio de 2013

Síndrome da Reivindicação Sucessiva

Elio Gaspari inverte a orientação do argumento. Usa o conceito da Síndrome da Reivindicação Sucessiva (SRS) para legitimar justamente o se que critica por utilizá-la. E usa, primeiramente, uma argumentação irrefutável em cima de uma tese que todos concordam. Por exemplo. Elio sustenta a tese da contratação de médicos estrangeiros. Diz que o argumento SRS contra a medida é que o SUS deve ser reformulado. Mas, antes, cita a corrupção política. Ataca a SRS como insustentável.
Pois é. Quem é contra que os corruptos devem ir para a cadeia, senão os próprios beneficiados? O raciocínio, assim, já está ganho. Diante desse caso evidente o leitor tende a considerar o próximo caso como da mesma ordem exdrúxula. Como a contratação de médicos estrangeiros não é boa? Isso só pode vir de gente corrupta que está se beneficiando disso.
Errado, Sr. Gaspari. Enquando o senhor usa o termo Reivindicação Sucessiva, na verdade está citando, no caso da corrupção, um caso de "cortina de fumaça". Reivindicação sucessiva é: "as pessoas têm o direito de saquear um supermercado porque estão com fome". Ou então: "as pessoas têm o direito de tocar fogo em tudo o que vêem porque aumentaram abusivamente a passagem".  Reivindicação sucessiva é usar um julgamento subjetivo para justificar uma ação normalmente tida como inaceitável. Na justiça criminal, é o argumento do ato "sob forte emoção". Quem vai julgar a "forte emoção", ou o motivo que a provocou? Esse motivo provoca sempre forte emoção?
Outro expediente que Gaspari usa é escolher o argumento contrário mais fraco para sustentar suas opiniões. Gaspari usa a Reivindicação Sucessiva para defender suas idéias. "As pequenas comunidades sofrem com falta de médicos". Pronto. O fato sustenta o ato inaceitável. "Vamos meter médico estrangeiro para resolver o problema". O pior, é que a idéia encontra simpatia. Afinal, os americanos não cresceram em tecnologia trazendo técnicos alemães? Como pode as pessoas não concordarem com isso? Só os que são ameaçados com a medida!
Como os argumentos atuais estão se parecendo, ainda, ou cada vez mais, com os da década de 60!

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