sábado, 23 de março de 2013

Roteiro para uma cena urbana no Rio de Janeiro

Tempo: atual

Local: avenida nas imediações do Maracanã, carros jogados, queimados, a fumaça espalha-se por todo canto, alguns focos de fumaça preta aqui e ali. Policiais se retirando. Figurantes em roupas sujas, rotas. Ouve-se gente tossindo.

Maquiagem: pessoas com manchas cinzas e pretas, pelo corpo e rosto, descabeladas, algumas descalças. Uns estão sentados no chão, outros ajoelhados, todos estão prostrados.

Sons de sirenes e ruídos de veículos oficiais ao fundo, mas não muito alto. O clima é de desolação.

Uma figurante, de preferência feminina, no meio das pessoas, mas não escondida, sentada no chão, uma perna dobrada de maneira a manter o joelho acima e a o outra perna, também dobrada, de forma a manter o joelho próximo ao chão, seio nú, comenta, consternada:
- Acabou! A polícia invadiu, tomou tudo. Nossos amigos foram desalojados. Fomos agredidos, alguns de nós estão presos, fomos aviltados. O que faremos agora?

Um outro figurante, sexo indiferente, não ao lado, mas no mesmo bolo, propõe:
- Vamos aplaudir o pôr do sol no Arpoador?!

Coro: - Vamos!

Pano, rápido!

Detalhe: deu praia naquela tarde.

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