domingo, 26 de maio de 2013

Veríssimo, o Strangelove das esquerdas

Tem sido difícil ler Veríssimo, ultimamente. Mesmo que, às vezes, me dá pena dele de tantos textos apócrifos que assassinam sua imagem, especialmente no que tange à literatura.
Tem que ver que Veríssimo é gaúcho, isto é, fortemente afetado pelos portenhos, que, entre outras coisas, inventaram o peronismo, uma versão bem particular do populismo cesariano (vejam meu post Os JC's e a maldição dos latinos). Mas, mesmo assim, é difícil aceitar ver esse tão inventivo Veríssimo caído no fanatismo, antes brizolista, e agora petista.
Mas ele se supera em sua coluna de hoje, n'O Globo. Veríssimo comete dois erros tão grosseiros que parece que o editor confundiu-se e publicou um desses textos apócrifos. Nela ele faz uma justa "homenagem" a Henry Kissinger pelo estrago que fez, enquanto no poder. Não discordo. Porém, há quem, no poder, ou fora dele, também provoca estragos. Osama bin Laden, por exemplo. Querem contar quem matou mais? À vontade. Luis Carlos Prestes, pelas bobagens que disse e ordens desastrosas que deu. Querem discordar? Tudo bem. Tem gente que gosta de ser enganada, mesmo. Isso para não falar de Pol Pot, Mao, Stalin, para ficar na esquerda, já que os monstros da direita são facilmente encontráveis nas colunas dos crucificados. Até aí, acho, ou espero, que Veríssimo concorda comigo.
Mas dizer que Kissinger inspirou o personagem Dr. Strangelove, papel título do clássico de Stanley Kubrick! Para começar, o judeu Kubrick não ia pôr um caráter ex-nazista, a imaginar os atos belicistas mais esdrúxulos, como avatar de outro judeu, Kissinger, mesmo esse sendo alemão, mas tendo sofrido perseguição do nazismo. Até onde eu saiba, o filme é de 1964 e, naquela época, Kissinger não era mais do que um obscuro professor de Havard. A inspiração para Dr. Strangelove, baseado no romance de Peter George, Red Alert, de 1958, parece ser um misto de Edward Teller, que liderou o projeto da bomba H e  G. von Braun, o pai dos foguetes V-2. Esse último parece ter inspirado, também, o ex-SS Faulkner no romance Space, de James Michener.
Outro erro crasso de Veríssimo é dizer que Hitler acabou com a inflação na Alemanha. Quem acabou com inflação alemã foi H. Schacht em 1923. Este tornou-se nazista, mas isso foi depois. Hitler arruinou a economia alemã e a Alemanha como um todo. Muito o contrário do que Veríssimo fala.
Veríssimo interpõe comentários do chamado senso comum sem se importar, ou se preocupar com a rigor histórico. Será arrogância ou ele já incorporou a babaquice petista de "re-inventar" a história?

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