sexta-feira, 11 de julho de 2008

Pirotecnia: A operação Satiagraha e os mísseis do Irã

Duas notícias candentes que tomaram o noticiário dessa 6a. feira, 11/07/2008 (fora a lambança dos jogadores do Flamengo em BH, mas isso é "fora de série"): A operação Satiagraha e a fraude dos mísseis do Irã. O que elas têm em comum? Aparentemente, nada. Será?
A "operação" do país de Ahmadinejad, o "Hugo Chavez" do Oriente Médio, servia de resposta à recente movimentação de caças e bombardeiros da aviação de Israel que foi interpretada como um treinamento para um eventual bombardeamento das usinas nucleares persas. "Impressionante", foi o que pensei, quando vi. Isso muda toda a correlação de forças da região. Irã tem agora um trunfo que fará os aloprados de plantão, especialmente os que se instalam em Tel-Aviv, pensarem duas vezes antes de partir prá "porrada". Em seguida pensei "Quantos mísseis eles teriam prontos para uso? Será que são confiáveis? Ou eles estão dando uma de Galtieri nas Malvinas?" Hoje, bimba! A foto é uma fraude. Não que os iranianos não possuam mísseis. Mas a realidade mostra que eles estão mais para os militares argentinos dos anos 80 do que prá uma ameaça efetiva.
A operação da Polícia Federal brasileira, apelidada "Satiagraha", Deus sabe a razão, aplicou com a eficiência que vem demonstrando uma série de mandados de busca, apreensão e prisão com esmero exemplar. Dessa vez engaliolou-se Daniel Dantas, Nagi Nahas e Celso Pitta. Tudo com direito a vazamento do início da operação para a rede Globo e vimos lances espetaculares de prisão, invasão, enfrentamento e Ministro da Justiça aparecendo nas telas dizendo e acrescentando etc. Quando vi fiquei pasmo. Daniel Dantas, Nagi Nahas e Celso Pitta em associação criminosa para fraudar e assaltar os cofres públicos! Mas aí eu pergunto: como eles faziam essa associação? Quem mandava em quem? Quais foram os negócios, mesmo que ocultos, que Daniel Dantas, Nagi Nahas e Celso Pitta montaram para a(s) fraude(s). Essa pergunta me ocorre porque, mesmo que como observador, acompanho (com interesse não uniforme) a trajetória de cada um dos três.
Celso Pitta, uma eminência parda de Paulo Maluf (que origem, heim?), como prefeito de São Paulo, praticou o que seu mestre lhe ensinou. E não podia ser diferente. O discípulo parte do mestre, nunca o contradiz. Resultado, acusações de surrupiamento dos mais baratos, com participação da esposa, como já é do folclore político brasileiro, denunciando tudo.
Nagi Nahas, um libanês que se instalou no Brasil escolado nos mercados norte-americanos, viu as brechas de nossa legislação, a falta de preparo de nossos "fiscais" e enriqueceu sustentado num tripé macabro: inflação - anuência de um banco - operações redundantes, ou no jargão dos investidores, Zé x Zé. Com garantia de papéis que já tinha adquiria empréstimos vultosos no Banco BCN, com correção da inflação; em seguida fazia operações de day-trade com operadoras de sua propriedade, aumentando artificialmente os papéis; ao final do dia vendia o lucro e ficava com os papéis que iam servir de garantia para o próximo empréstimo. Até que um dia um dos elos negou fogo. Nahas acusa a diretoria da época da BOVESPA de interferir e pressionar para o BCN não mais emprestar. Alega que a BOVESPA queria eliminar a "concorrente" do Rio de Janeiro. O fato é que houve uma quebradeira em cascata e a Bolsa do Rio quase faliu. Nunca mais se recuperou.
Finalmente, Daniel Dantas é um yuppie típico dos anos 80. Introduziu-se no mercado por indicação de Mário Henrique Simonsen, cuja senhoridade era respeitada por todos. Incumbiu-se de administrar a fortuna de Antônio Carlos de Almeida Braga, o Braguinha, quando este desfez a sociedade com o BRADESCO. Em pouco tempo já a tinha multiplicado. Com a morte de Braguinha, a família solicitou uma revisão no contrato (era meio a meio) e o negócio foi separado em dois: Icatú e Opportunity. Dantas ficou com o último, para operações internacionais. Dizem que Dantas não pensa em outra coisa a não ser ganhar dinheiro. Não "freqüenta", não vai a restaurantes caros, não aparece ao lado de atrizes famosas e/ou gostosas ou vive "pegando" filha de ministro.
Agora eu me pergunto: negócios escusos e operações fraudulentas? Quem não as faz (hoje em dia parece que só eu, vejo que até Eike Batista está na mira, agora)? Mas como é que um ladrão de galinhas, um caloteiro e um operador de Offshore (parece eufemismo, e é) vão se associar? Qual o propósito?
Bimba! No dia seguinte, nO Globo, uma notinha esquecida em um canto escondido de uma página não muito importante a gente fica sabendo: um nada tem com o outro. No máximo Pitta vendia dólar prô Nahas. Só. Os três estão no mesmo processo para.... sei lá! Pelo que se vê, parece que é para encher o Ministro da Justiça de hora na televisão e mídia.
Então qual é a relação entre o Irã e os mandados que a P.F. no Brasil cumpriu? Ambas são pura pirotecnia.

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