quinta-feira, 31 de julho de 2008

Carta Aberta a Cora Rónai a respeito de ser assaltado

Querida Cora, hoje, sua coluna discorre sobre seus sentimentos a respeito de recente assalto de que foi vítima. Admiro você. Gosto de seu estilo e concordo com quase tudo com que você aborda em suas colunas. Ler O Globo das 5a.s feiras contém uma passagem obrigatória na última página do Segundo Caderno. Só faço isso duas vezes por semana. A outra é domingo, quando me divirto com o besteirol do pessoal da Casseta.
Quero dizer que o que você sentiu a respeito dos assaltantes é quase exatamente o que eu senti, quando fui assaltado, ano passado. Não nutro ódio ou raiva dos assaltantes que, como os seus, portaram-se como assaltantes e não como assassinos, conquanto eu me portei, passivamente, como vítima. Meu sentimento em relação a eles mais se parece com a um negociante, um senhorio que negocia comigo o aluguel de minha moradia. Me senti, mais ou menos, como que diante de um flanelinha, ou mais, diante de um PM que me aborda na rua, festejando meu eventual delito de trânsito, aguardando um proposta de propina. É isso. Minha recordação do assalto se parece com um negócio. Estive tratando de negócios com meus agressores. Mesmo com toda aquela peculiaridade que você descreveu.
Mas não foi para só para falar bem que me digno a escrever essas mal traçadas linhas. Lendo sua coluna chego ao trecho que fala de quem você, realmente, tem raiva. Certo! Concordo contigo em todos os sentidos. O cinismo das autoridades, dos políticos, de candidatos eleitos é revoltante e, ao contrário do que muita gente pensa, não tem limite. Sempre haverá uma margem a avançar. Ficar esperando que isso se esgote não vai resolver porque o cinismo não se esgota.
Mas você não toca num ponto e eu tenho curiosidade em saber. O que você faria? É claro, destituída do espírito cínico que acomete todos que chegam lá, seja ele inato ou adquirido, se a você fosse jogada a responsabilidade de achar uma solução para isso, pergunto, qual seriam suas primeiras medidas? Tenho perguntado isso a todo mundo com quem converso a respeito. Dois padrões de resposta se apresentam: gaguejo - a pessoa fica te olhando com olhar perdido de forma que é impossível adiantar qualquer coisa; e respostas simples, ou simplistas do tipo: mata todo mundo; mais polícia; mais escola; mais saúde; maiores salários; mais amor; mais religião; menos religião etc.
Como você responderia, Cora? Tenho muita curiosidade em saber.

Seu leitor, e fã.
JlKohlM

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