O Sr. Luiz Gonzaga Beluzzo sustenta que os E.U.A. eram totalmente protecionistas no século XIX. Diz isso como se tal medida fosse um exemplo para nós: "olhai o que fizeram os americanos". Isso, no século XIX, quando o Brasil, sob o Império de Pedro II, era dotado de um PIB maior. O Sr. Beluzzo poderia dizer, também: Tio Sam também fez a guerra da Secessão no mesmo século, não seria o caso de fazermos isso agora? Tio Sam entrou em duas guerras mundiais do século XX para acabar com elas e se imporem com nação dominante política e comercialmente. Não deveríamos ter feito isso também? Tio Sam invadiu territórios, fez guerra com a Espanha, invadiu países independentes da América Central e Caribe. Não deveríamos ter feito isso, também?
Ah, e os E.U.A. mudaram radicalmente sua política comercial no início do século XX. Mercadorias estrangeiras passaram a entrar no país praticamente sem taxação. Ai enricaram! Que coincidência!
domingo, 17 de abril de 2011
sábado, 16 de abril de 2011
O perverso sistema de taxação
A política de taxação brasileira é o que se pode dizer, ao mesmo tempo, cuspir para o alto e atirar no pé. O Brasil fecha as portas para produtos de alta tecnologia, como computadores, tablets, celulares de última geração, produtos eletrônicos "top", através de alíquotas de importação proibitivas. Concomitantemente, libera, feliz, produtos corriqueiros para importação praticamente sem taxas.
De um lado a taxação de alta tecnologia coloca o Brasil fora desse mercado, perdendo a oportunidade de dele participar, inclusive como protagonista, por outro, permite que produtos chineses de baixa qualidade imponham um padrão baixo para o mercado brasileiro e arrase com o parque industrial brasileiro que resta.
Taxando os produtos de alta tecnologia com o pretexto de proteger a indústria nacional e permitir que ela se desenvolva é cuspir para cima. É ilusão acreditar que o Brasil seja capaz de produzir alta tecnologia em todos os seus setores. Nenhum país faz isso. A alta tecnologia é um consorcio internacional. Impedir que esses produtos sejam vendidos no Brasil a um preço razoável é impedir que o consumidor crie hábitos de consumo sofisticados. Sem hábito, não exerce pressão no mercado por produtos de primeira linha. Sem pressão, a tal reserva de mercado é brincadeira sem propósito: não dá em nada e ninguém se diverte.
Em vez de liberar a alta tecnologia para permitir que o Brasil participe de sua evolução e taxar os produtos que a China exporta de forma desleal é uma das formas mais eficazes de nos manter atrasados.
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
FHC e a questão das drogas
FHC revela-se um falastrão, afinal. Defende aquele idiota que foi demitido do governo por defender a "descrimininalização do pequeno traficante" (afinal, qual a diferença entre o pequeno e o grande, quem vai determinar isso?). O Globo de hoje, p.5: "Tem que haver regulação. Tem que descriminalizar, quer dizer, não passa a ser crime..." Primeiro: FH acha que o leitor é um completo idiota, pois explica o que é "descriminalizar: quer dizer, não passa a ser crime". Acredita FHC que o seu leitor não sabe o que é isso. "...pode até em certos casos legalizar, desde que regule". Mas aqui, ele não explica qual será a regulação, quem vai fiscalizar a regulação (por certo será o policial, aquele mesmo que negocia com o "grande" traficante). Agora vem a pérola: "... o traficante que vende maconha é o mesmo que vai levar o jovem a provar outras drogas. Talvez (grifo meu) se voce regulasse o uso da maconha ao invés de proibí-la, talvez (outra vez, grifo meu) tirasse a pessoa da mão do traficante e diminuísse o risco de ela ir para o crack"!!! Há coisas que eu gostaria de perguntar ao Sr. Fernando Henrique (e, de quebra, aqueles que, com ele, defendem essa "descriminalização"):
1) "Talvez"? Esse é um termo técnico? Usa-se em sociologia? E se, "talvez", o que se propõe não dá certo? Como é possível reverter o que se decidiu? Que ilusão de "onipotência" é essa? Onipotência assim já foi chamada de infantilismo, pois infantil é a onipotência!
2) Digamos que o que leva alguém a traficar droga é a falta de alternativa (para mim esse fator não é mais do que um potencializador, não a causa). Isso faz com que o mercado de droga seja configurado pela falta de alternativas?
3) Quem trafica drogas não trafica armas? Ou, se o faz, por que? Falta alternativa ou é a polícia (que aqui fala pela sociedade) que induz ao tráfico de armas, e, por tabela, à violência?
4) O que difere, em malignidade, o tráfico de drogas e o comércio de drogas? Não são, essencialmente, a mesma coisa?
5) O que faz alguém consumir drogas? Pois, parece que para essa gente, o consumo de drogas é levado pelo mesmo motivo que faz as pessoas consumirem ovo de galinha;
O Sr. FHC parece construir sua cosmologia nas mesmas bases que o marxismo: idealismo. Parece que ele, assim como os marxistas que concordam - e os que discordam dele - está mais para discípulo de Rousseau, o famoso filósofo católico. Acreditam eles que os percalços na sociedade sejam atos executados por gente "corrompida" por essa própria sociedade? Mas, será que essa gente parou no século XIX? Será que nunca leram Freud? Será que não leem Darwin? Será que não leem biologia comportamental? Ou será (coisa que me parece bem mais fácil de compreender o que se passa na cabeça dessa gente) que todos eles estão sendo financiados pela indústria farmaceutica (que sonha, um dia, poder incluir a cocaina como agente de seus produtos: a pílula da felicidade!)? Estou bem mais inclinado a aceitar essa última hipótese.
1) "Talvez"? Esse é um termo técnico? Usa-se em sociologia? E se, "talvez", o que se propõe não dá certo? Como é possível reverter o que se decidiu? Que ilusão de "onipotência" é essa? Onipotência assim já foi chamada de infantilismo, pois infantil é a onipotência!
2) Digamos que o que leva alguém a traficar droga é a falta de alternativa (para mim esse fator não é mais do que um potencializador, não a causa). Isso faz com que o mercado de droga seja configurado pela falta de alternativas?
3) Quem trafica drogas não trafica armas? Ou, se o faz, por que? Falta alternativa ou é a polícia (que aqui fala pela sociedade) que induz ao tráfico de armas, e, por tabela, à violência?
4) O que difere, em malignidade, o tráfico de drogas e o comércio de drogas? Não são, essencialmente, a mesma coisa?
5) O que faz alguém consumir drogas? Pois, parece que para essa gente, o consumo de drogas é levado pelo mesmo motivo que faz as pessoas consumirem ovo de galinha;
O Sr. FHC parece construir sua cosmologia nas mesmas bases que o marxismo: idealismo. Parece que ele, assim como os marxistas que concordam - e os que discordam dele - está mais para discípulo de Rousseau, o famoso filósofo católico. Acreditam eles que os percalços na sociedade sejam atos executados por gente "corrompida" por essa própria sociedade? Mas, será que essa gente parou no século XIX? Será que nunca leram Freud? Será que não leem Darwin? Será que não leem biologia comportamental? Ou será (coisa que me parece bem mais fácil de compreender o que se passa na cabeça dessa gente) que todos eles estão sendo financiados pela indústria farmaceutica (que sonha, um dia, poder incluir a cocaina como agente de seus produtos: a pílula da felicidade!)? Estou bem mais inclinado a aceitar essa última hipótese.
domingo, 23 de janeiro de 2011
Enxurrada na Região Serrana
Depois do desastre de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis, diante dos desmandos seguidos dos prefeitos demagogos, especialmente dos PDT (vide Brizolistas), fiquei curioso em ver o que diria Luiz Fernando Veríssimo, já que trata-se de um Brizolista fervoroso. Não deu outra: a culpa caiu nas multinacionais, no imperialismo, na ganância dos ricos, sobrou até prôs invasores do Iraque e vítimas do 11 de setembro. Tudo prá não sobrar alternativa àqueles que constrõem suas moradias (são moradias mesmo?) nas beiras dos rios, várzeas, e encostas de alto risco.
A se considerar o que diz o Sr. Veríssimo, sabendo que a favelização, especialmente de Nova Friburgo, aconteceu nos últimos anos sob a administração de um PDTista, parece que a ação das multinacionais e outros demônios do capitalismo é particularmente eficaz sob a direção dos Brizolistas. Ou então, pobres, sem alternativa, se proliferaram nessas administrações. De qualquer forma, a crônica de Veríssimo, hoje, é uma declaração de incompetência ou improbidade dos seguidores de Brizola.
Aliás, esse referido prefeito de Friburgo, construiu uma mansão para si nos arredores da cidade. Dizem que foi com o dinheiro que "arrecadou" na Prefeitura. Pois bem, sem alternativa, construiu onde não devia. Morreu soterrado, com toda a mansão debaixo da lama.
A se considerar o que diz o Sr. Veríssimo, sabendo que a favelização, especialmente de Nova Friburgo, aconteceu nos últimos anos sob a administração de um PDTista, parece que a ação das multinacionais e outros demônios do capitalismo é particularmente eficaz sob a direção dos Brizolistas. Ou então, pobres, sem alternativa, se proliferaram nessas administrações. De qualquer forma, a crônica de Veríssimo, hoje, é uma declaração de incompetência ou improbidade dos seguidores de Brizola.
Aliás, esse referido prefeito de Friburgo, construiu uma mansão para si nos arredores da cidade. Dizem que foi com o dinheiro que "arrecadou" na Prefeitura. Pois bem, sem alternativa, construiu onde não devia. Morreu soterrado, com toda a mansão debaixo da lama.
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
Bebês abandonados
Estamos vendo, cada vez mais frequentemente, bebês abandonados em lixeiras, mangues, beira de rio, etc.
Sabem o que é isso? Aborto proibido. Viu Dna Dilma?
Sabem o que é isso? Aborto proibido. Viu Dna Dilma?
domingo, 12 de dezembro de 2010
O Filme do Lulismo
O fenômeno do lulismo parece um filme que, no momento, encontra-se no clímax da primeira parte. É, na verdade, a repetição de um drama já ocorrido dezenas de vezes na História. De início, parece um grande musical, a indicar um final com uma grande festa, com música alegre, dança e tudo que se tem direito, à la Bollywood, o conjunto dos famosos produtores de filmes indianos, em uma estética bem peculiar. No entanto, a partir do início da segunda parte, uma sucessão de equívocos se mostra e lembra mais uma comédia de erros, para, ao final,terminar em tragédia, com a morte de, praticamente, todos os protagonistas.
O roteiro pode ser resumido mais ou menos assim. Começa com uma geração no auge da juventude voluntariosa, rebelde e racionalista. Esses jovens, via de regra, recebem uma educação religiosa rígida. São universalistas e não se conformam com as injustiças do mundo. Geralmente associam essas injustiças com a doutrina que herdaram. Na procura de uma "nova realidade", de um lado, não percebem que, além da doutrina, herdaram a arrogância da geração que a precede, e, arrogantemente, acreditam que podem mudar o estado das coisas. Mais grave ainda, acreditam que podem conduzir o mundo a um estado de "justiça" que, sem se aperceberem, se assemelha, e muito, com os preceitos estabelecidos lá trás, na formação do cristianismo. Então, querendo mudar o mundo, esses jovens não percebem que eles mesmos não mudam em nada, apenas o embrulho do pet-rock. A eterna vida redimida no paraíso, ganha o apelido de "comunismo". O apocalipse passa a se chamar revolução. O Messias, agora, é a Classe Operária. Mudam-se os nomes, mantém-se a ideologia. E eles querem acreditar que isso é novo!
Eis que aparece um sujeito, inicialmente sem grandes pretensões, de formação escolar sofrível, mas muito inteligente, com grande capacidade discursiva e carisma incomparável. Mais importante que tudo, emanado da famosa "Classe Operária".
Faço uma pausa nesse roteiro para notar que estou especificando demais a estória ao caso brasileiro. No entanto, pode-se transportá-la facilmente a qualquer outro caso semelhante: jovem cadete, cabo do exército, seminarista expulso, enfim, pessoas de formação moral "comum", pessoas do "senso comum", oriundos da zona rural ou imigrantes, de família fervorosamente católica, e talvez com algum traço de inadequação. Não quero deixar aqui a impressão de uma opinião desabonadora a respeito do caráter dessas pessoas. Apenas chamo a atenção para algumas características semelhantes. Longe de dizer que um "operário" forçosamente levará ao mesmo roteiro. Pode ser o contrário.
Voltando ao script. Geralmente é criado um partido político para servir de base aos projetos de poder do movimento, enquanto que o "maioral", geralmente, está acima ou ao lado dele. A adesão de praticamente todos os jovens dessa geração ao que parece ser o "salvador", ou "messias" é imediata e, salvo alguns casos de resistência passageira, unânime. A adesão ao partido se dá de forma massiva e a sensação nesses jovens é de grande autossuficiência. Creem, esses jovens, terem encontrado a fórmula de ascender ao poder e lá, promover a tão desejada "correção do mundo".
Num primeiro momento, a reação popular é de total aprovação. Aparecem defensores intransigentes e a grande maioria se manifesta, de forma aparente ou não, favorável às ações daquele para parece ser, finalmente, o "messias" que tanto aguardavam.
Por outro lado, algumas características são comuns em todos os roteiros desse tipo de história e que denunciam a verdadeira natureza do embuste aos "mais atentos", ou os "resistentes": formação de grupos, de natureza "clandestina", que, praticamente, faz com que todos que deles fazem parte cantarem, mais ou menos, trechos de uma mesma cartilha. O resultado, aos olhos dos incautos, parece ser a manifestação de modos de natureza fashion. Termos e expressões que estão "na moda". A quem está atento, a aparência é de uma inequívoca conspiração. Mas qualquer manifestação nesse sentido é estigmatizada dentro da chamada "teoria da dita cuja, a conspiração".
Outra característica frequente do curso desse tipo de novela é o aparecimento de hostes truculentas nas bases do movimento. Se, de um lado, a truculência é sempre descartada pelo alto comando, e, na maioria das vezes, ocorre sem sua aprovação, por outro lado, ela serve de aglutinação. Grupos armados ou truculentos trazem a sensação de que se está "preparado" para a eclosão de uma eventual reação ao "movimento revolucionário". Oficialmente o alto comando desaprova a violência. Intimamente, sente-se "protegido".
Concentrações, passeatas e manifestações de cunho popular são frequentemente organizadas para "não se perder o élan do movimento". Uma eventual reação de conteúdo romântico pode catalizar um movimento nacional e insano de violência e perseguição. Aí está um ponto que ainda não se chegou no Brasil. Mas eu tenho certeza que os ideólogos do movimento, agora no poder, bem que sonham com uma manifestação dessas. Não descarto nem a eventualidade de uma "provocaçãozinha" para "empurrar" alguns "desgarrados". Nunca se deve desprezar essa possibilidade.
Encerrada a primeira parte, o "salvador" no poder, todos estão felizes. A sensação generalizada é que, finalmente, encontramos o caminho certo, que daqui para diante é só amor e felicidade. Não se pode culpar as pessoas desse sentimento. Afinal, é como na piada do "irlandês" caindo de um espigão, passando pelo 13o. andar: "so far, so good". Uma imagem bem apropriada, também, é de uma grande onda no mar. Enquanto subimos, a sensação é de poder infinito e infindável. Dá-se "caldos" em quem se preocupa com o abismo se formando à frente.
Nesse ponto, começam a aparecer algumas coisas que "não colam". Leis que atropelam o sentido do direito romano, esse taxado de anacrônico ou inadequado; medidas sociais de grande repercussão popular às custas de uma política de gestão mais responsável. Ocupação das instâncias de poder por "aliados" ou burocratas do partido. Um certo regozijo de classes tradicionalmente associadas ao atraso e à corrupção com o sistema implantado. O "salvador" começa a pronunciar discursos revelando uma certa crença na própria infabilidade. Em pouco tempo, ou na primeira oportunidade começa a fazer o país engolir certas medidas que vão contra o bom senso. Num primeiro momento, seus seguidores acatam as ordens por, eles mesmos, acreditarem na infabilidade do líder. Num segundo momento, porque são incapazes de afrontarem quem eles consideram acima do bem e do mal.
Aos poucos a insanidade se instala. O sistema começa a dar mostras de fadiga. É a descendência da onda. Para "explicar" os fracassos, geralmente botam-se a culpa, inicialmente, nos opositores do sistema, em seguida nos críticos, para, pouco a pouco, começarem a cortar da própria carne, a começar pelos menos protegidos. Sempre se tem, afinal, o expediente de botar a culpa em algum elemento externo, hoje em dia, os Estados Unidos, já que, para isso, não é preciso convencer ninguém, uma vez que, no inconsciente coletivo, os Estados Unidos são virtualmente culpados por tudo de ruim que se passa no mundo.
Chega-se a um ponto de rompimento. A saga de "Juvenal, o bom boi", da fábula "Fazenda Modelo", que Chico Buarque tão bem chupou de "Animal Farm", de George Orwell termina num grande caos. Na saga, o poder é passado a um porco. No "remake" de nosso filme, o poder é ocupado por uma espécie de síndico da massa falida, em um país devastado, com as pessoas sem eira nem beira. Via de regra, mais tarde esse síndico passará a ser amaldiçoado, mas isso já é outro filme.
Em poucas palavras, o argumento acima pode ser resumido na seguinte story line: um medíocre toma o poder, transforma-se em um canalha, e, sob o respaldo de um mar de gente idealista, vira ídolo, para levar a nação à ruína, mas quando as pessoas percebem, é tarde demais.
Ah! Gente como eu morre no meio. Não fica ninguém para dar sua versão da história.
O roteiro pode ser resumido mais ou menos assim. Começa com uma geração no auge da juventude voluntariosa, rebelde e racionalista. Esses jovens, via de regra, recebem uma educação religiosa rígida. São universalistas e não se conformam com as injustiças do mundo. Geralmente associam essas injustiças com a doutrina que herdaram. Na procura de uma "nova realidade", de um lado, não percebem que, além da doutrina, herdaram a arrogância da geração que a precede, e, arrogantemente, acreditam que podem mudar o estado das coisas. Mais grave ainda, acreditam que podem conduzir o mundo a um estado de "justiça" que, sem se aperceberem, se assemelha, e muito, com os preceitos estabelecidos lá trás, na formação do cristianismo. Então, querendo mudar o mundo, esses jovens não percebem que eles mesmos não mudam em nada, apenas o embrulho do pet-rock. A eterna vida redimida no paraíso, ganha o apelido de "comunismo". O apocalipse passa a se chamar revolução. O Messias, agora, é a Classe Operária. Mudam-se os nomes, mantém-se a ideologia. E eles querem acreditar que isso é novo!
Eis que aparece um sujeito, inicialmente sem grandes pretensões, de formação escolar sofrível, mas muito inteligente, com grande capacidade discursiva e carisma incomparável. Mais importante que tudo, emanado da famosa "Classe Operária".
Faço uma pausa nesse roteiro para notar que estou especificando demais a estória ao caso brasileiro. No entanto, pode-se transportá-la facilmente a qualquer outro caso semelhante: jovem cadete, cabo do exército, seminarista expulso, enfim, pessoas de formação moral "comum", pessoas do "senso comum", oriundos da zona rural ou imigrantes, de família fervorosamente católica, e talvez com algum traço de inadequação. Não quero deixar aqui a impressão de uma opinião desabonadora a respeito do caráter dessas pessoas. Apenas chamo a atenção para algumas características semelhantes. Longe de dizer que um "operário" forçosamente levará ao mesmo roteiro. Pode ser o contrário.
Voltando ao script. Geralmente é criado um partido político para servir de base aos projetos de poder do movimento, enquanto que o "maioral", geralmente, está acima ou ao lado dele. A adesão de praticamente todos os jovens dessa geração ao que parece ser o "salvador", ou "messias" é imediata e, salvo alguns casos de resistência passageira, unânime. A adesão ao partido se dá de forma massiva e a sensação nesses jovens é de grande autossuficiência. Creem, esses jovens, terem encontrado a fórmula de ascender ao poder e lá, promover a tão desejada "correção do mundo".
Num primeiro momento, a reação popular é de total aprovação. Aparecem defensores intransigentes e a grande maioria se manifesta, de forma aparente ou não, favorável às ações daquele para parece ser, finalmente, o "messias" que tanto aguardavam.
Por outro lado, algumas características são comuns em todos os roteiros desse tipo de história e que denunciam a verdadeira natureza do embuste aos "mais atentos", ou os "resistentes": formação de grupos, de natureza "clandestina", que, praticamente, faz com que todos que deles fazem parte cantarem, mais ou menos, trechos de uma mesma cartilha. O resultado, aos olhos dos incautos, parece ser a manifestação de modos de natureza fashion. Termos e expressões que estão "na moda". A quem está atento, a aparência é de uma inequívoca conspiração. Mas qualquer manifestação nesse sentido é estigmatizada dentro da chamada "teoria da dita cuja, a conspiração".
Outra característica frequente do curso desse tipo de novela é o aparecimento de hostes truculentas nas bases do movimento. Se, de um lado, a truculência é sempre descartada pelo alto comando, e, na maioria das vezes, ocorre sem sua aprovação, por outro lado, ela serve de aglutinação. Grupos armados ou truculentos trazem a sensação de que se está "preparado" para a eclosão de uma eventual reação ao "movimento revolucionário". Oficialmente o alto comando desaprova a violência. Intimamente, sente-se "protegido".
Concentrações, passeatas e manifestações de cunho popular são frequentemente organizadas para "não se perder o élan do movimento". Uma eventual reação de conteúdo romântico pode catalizar um movimento nacional e insano de violência e perseguição. Aí está um ponto que ainda não se chegou no Brasil. Mas eu tenho certeza que os ideólogos do movimento, agora no poder, bem que sonham com uma manifestação dessas. Não descarto nem a eventualidade de uma "provocaçãozinha" para "empurrar" alguns "desgarrados". Nunca se deve desprezar essa possibilidade.
Encerrada a primeira parte, o "salvador" no poder, todos estão felizes. A sensação generalizada é que, finalmente, encontramos o caminho certo, que daqui para diante é só amor e felicidade. Não se pode culpar as pessoas desse sentimento. Afinal, é como na piada do "irlandês" caindo de um espigão, passando pelo 13o. andar: "so far, so good". Uma imagem bem apropriada, também, é de uma grande onda no mar. Enquanto subimos, a sensação é de poder infinito e infindável. Dá-se "caldos" em quem se preocupa com o abismo se formando à frente.
Nesse ponto, começam a aparecer algumas coisas que "não colam". Leis que atropelam o sentido do direito romano, esse taxado de anacrônico ou inadequado; medidas sociais de grande repercussão popular às custas de uma política de gestão mais responsável. Ocupação das instâncias de poder por "aliados" ou burocratas do partido. Um certo regozijo de classes tradicionalmente associadas ao atraso e à corrupção com o sistema implantado. O "salvador" começa a pronunciar discursos revelando uma certa crença na própria infabilidade. Em pouco tempo, ou na primeira oportunidade começa a fazer o país engolir certas medidas que vão contra o bom senso. Num primeiro momento, seus seguidores acatam as ordens por, eles mesmos, acreditarem na infabilidade do líder. Num segundo momento, porque são incapazes de afrontarem quem eles consideram acima do bem e do mal.
Aos poucos a insanidade se instala. O sistema começa a dar mostras de fadiga. É a descendência da onda. Para "explicar" os fracassos, geralmente botam-se a culpa, inicialmente, nos opositores do sistema, em seguida nos críticos, para, pouco a pouco, começarem a cortar da própria carne, a começar pelos menos protegidos. Sempre se tem, afinal, o expediente de botar a culpa em algum elemento externo, hoje em dia, os Estados Unidos, já que, para isso, não é preciso convencer ninguém, uma vez que, no inconsciente coletivo, os Estados Unidos são virtualmente culpados por tudo de ruim que se passa no mundo.
Chega-se a um ponto de rompimento. A saga de "Juvenal, o bom boi", da fábula "Fazenda Modelo", que Chico Buarque tão bem chupou de "Animal Farm", de George Orwell termina num grande caos. Na saga, o poder é passado a um porco. No "remake" de nosso filme, o poder é ocupado por uma espécie de síndico da massa falida, em um país devastado, com as pessoas sem eira nem beira. Via de regra, mais tarde esse síndico passará a ser amaldiçoado, mas isso já é outro filme.
Em poucas palavras, o argumento acima pode ser resumido na seguinte story line: um medíocre toma o poder, transforma-se em um canalha, e, sob o respaldo de um mar de gente idealista, vira ídolo, para levar a nação à ruína, mas quando as pessoas percebem, é tarde demais.
Ah! Gente como eu morre no meio. Não fica ninguém para dar sua versão da história.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Vaselina no sangue
Nessa história de injetarem vaselina por engano numa menina de 12 anos, em um hospital em São Paulo, eu implicaria a direção e os responsáveis da farmácia. Afinal, em pleno século XIX, acondicionam soro fisiológico e vaselina no mesmo tipo de frasco, com as mesmas conexões e rótulos semelhantes! É convite para esse tipo de acidente!
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