segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

FHC e a questão das drogas

FHC revela-se um falastrão, afinal. Defende aquele idiota que foi demitido do governo por defender a "descrimininalização do pequeno traficante" (afinal, qual a diferença entre o pequeno e o grande, quem vai determinar isso?). O Globo de hoje, p.5: "Tem que haver regulação. Tem que descriminalizar, quer dizer, não passa a ser crime..." Primeiro: FH acha que o leitor é um completo idiota, pois explica o que é "descriminalizar: quer dizer, não passa a ser crime". Acredita FHC que o seu leitor não sabe o que é isso. "...pode até em certos casos legalizar, desde que regule". Mas aqui, ele não explica qual será a regulação, quem vai fiscalizar a regulação (por certo será o policial, aquele mesmo que negocia com o "grande" traficante). Agora vem a pérola: "... o traficante que vende maconha é o mesmo que vai levar o jovem a provar outras drogas. Talvez (grifo meu) se voce regulasse o uso da maconha ao invés de proibí-la, talvez (outra vez, grifo meu) tirasse a pessoa da mão do traficante e diminuísse o risco de ela ir para o crack"!!! Há coisas que eu gostaria de perguntar ao Sr. Fernando Henrique (e, de quebra, aqueles que, com ele, defendem essa "descriminalização"):
1) "Talvez"? Esse é um termo técnico? Usa-se em sociologia? E se, "talvez", o que se propõe não dá certo? Como é possível reverter o que se decidiu? Que ilusão de "onipotência" é essa? Onipotência assim já foi chamada de infantilismo, pois infantil é a onipotência!
2) Digamos que o que leva alguém a traficar droga é a falta de alternativa (para mim esse fator não é mais do que um potencializador, não a causa). Isso faz com que o mercado de droga seja configurado pela falta de alternativas?
3) Quem trafica drogas não trafica armas? Ou, se o faz, por que? Falta alternativa ou é a polícia (que aqui fala pela sociedade) que induz ao tráfico de armas, e, por tabela, à violência?
4) O que difere, em malignidade, o tráfico de drogas e o comércio de drogas? Não são, essencialmente, a mesma coisa?
5) O que faz alguém consumir drogas? Pois, parece que para essa gente, o consumo de drogas é levado pelo mesmo motivo que faz as pessoas consumirem ovo de galinha;
O Sr. FHC parece construir sua cosmologia nas mesmas bases que o marxismo: idealismo. Parece que ele, assim como os marxistas que concordam - e os que discordam dele - está mais para discípulo de Rousseau, o famoso filósofo católico. Acreditam eles que os percalços na sociedade sejam atos executados por gente "corrompida" por essa própria sociedade? Mas, será que essa gente parou no século XIX? Será que nunca leram Freud? Será que não leem Darwin? Será que não leem biologia comportamental? Ou será  (coisa que me parece bem mais fácil de compreender o que se passa na cabeça dessa gente) que todos eles estão sendo financiados pela indústria farmaceutica (que sonha, um dia, poder incluir a cocaina como agente de seus produtos: a pílula da felicidade!)? Estou bem mais inclinado a aceitar essa última hipótese.

Um comentário:

Anônimo disse...

João.

A mola propulsora da dinâmica social está na sagacidade de alguns, assim como o mediano e uma forma cruel de ausência campeia nas multidões. Tudo muito similar à mecânica da vida natural. Em decorrência, ao longo dos tempos as sociedades se depuraram em torno de todas as formas possíveis de mérito. Daí chegamos a aceitação das prerrogativas civis dada aos vencedores. Sejam eles detentores da força bruta ou da sagacidade que nos escapa. E continuando este exercício reducionista, surge então a visão de uma sociedade possível nos vencedores, porém, acompanhada das inevitáveis desigualdades. Aqui surge a questão essencial da regulação. Algumas sociedades logo se aperceberam da impossibilidade dos mesmos atores construirem e simultaneamente regularem. Resolveram o problema educando, ou seja, distribuindo a sagacidade.
A mim parece que a regulamentação feita por decreto é um luxo para poucas sociedades. É uma idéia absurda no estágio social atual de aparelhamento e apadrinhamento daqui. Quando mais jovem, vi no dirigismo estatal uma tentativa de impedir que a desigualdade se instalasse. Porém, pouco depois, ficou claro que até os menos sagazes são chegados à exploração do trabalho alheio.
Este é o modelo essencial, que se repete adaptado em todas as atividades humanas e desumanas. Não vejo como adaptá-lo ao problema discutido pelo ex-presidente. Com o o compartilhamento do legal e do ilegal, seria enfim possível encontrarmos semi-viados, semi-grávidas, semi-contratos, semi-decisões, etc.
Não vejo como considerar o uso de drogas algo natural e passível de regulamentação. Penso na urgência com um cardiologista fumado ou cheirado. No motorista da creche, no piloto e no juiz drogados. Simplesmente, não dá.
Deixando as drogas de lado, a regulação é realmente uma tentação nos "sistemas abertos". Cito como exemplos a opressão midiática da estética homossexual, a tortura semântica das proibições do politicamente incorreto e na deputância exercida propondo a felicidade constitucional a todos os cidadãos.
Partindo da uma mesma questão essencial, parece que eu disse o mesmo que voce.
Ao tentar salvar ao longo da semana passada um bem-te-vi recém caído do ninho, assisti à uma mobilização envolvendo muitas pessoas e até mesmo muitos outros pássaros da espécie. Vi ternura, compaixão, dedicação e até coragem. Acho que faltou falar aqui do amor e da solidariedade latentes em todos nós. Do que nos leva a abraçar causas com poucas chances de sucesso. Fica para a próxima. O tópico eram as drogas.

Um abraço.