quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Tragédia em Santa Catarina

A primeira vez que estive em Santa Catarina foi em 1973. Fui visitar e conhecer a família de João Steiner que, na época, era meu companheiro de quarto na república. Era julho, fazia frio. Lembro que veio, como agora, aquela sequência de chuva que inundou tudo. Estavamos na serra catarinense. Não fomos atingidos. Mas ficamos ilhados três dias. Esperamos as águas baixarem para voltar. Passamos, no fusquinha de João, por Tubarão cuja enchente levou a água ao teto das casas. Foram quilômetros e quilômetros de chão tomado pela água. A estrada, BR116, na época com uma só pista, ficava um pouco acima do nível do chão. Essa catástrofe chegava até Itajaí. Governador (já era o Espiridião), ministro do Interior (Andreazza) faziam discursos com aspecto contrito. "Vamos dar atendimento à toda população flagelada" dizia Andreazza, já candidato enrustido a presidente.
Passaram-se o quê? Trinta e cinco anos. E o que vemos é a coisa se repetindo. Durante 35 anos tiveram tempo para estudar, planejar e achar formas de evitar/minimizar o problema. Até eu tenho idéia. Falta vontade política. Alguns nominariam "verba". Eu acho que o problema não é esse, não.

domingo, 23 de novembro de 2008

Sergio Cabral briga contra a BlueJet

A BlueJet, aquela companhia que promete vir quebrando toda a louça da aviação no Brasil, desistiu de instalar sua base no Rio e foi prá Viracopos. Sérgio Cabral fez lobby contra sua operação no Santos Dumont. Palmas para nosso governador! Agora São Paulo tem dois aeroportos operando como hub. O Rio continua sem nenhum. Depois reclamam dos paulistas! Com gente como Sergio Cabral na cabeça (Garotinho andou aprontando com a Petrobrás, também), o Rio não precisa de paulista competente brigando por São Paulo. Mercadante agradece.

Elio Gaspari reclama da AA

Eli Gaspari reclama da grosseiria dos comissários da American Airlines com os brasileiros. Sugere um boicote. Mas eu pergunto: e a ANAC? Não era prá ser Agência Nacional de Aviação Civil? No link para a ouvidoria há um texto bonito. "A Ouvidoria é mais que isso...", "A Ouvidoria é mais que aquilo...". Pois é. Ninguém jamais falou que a Ouvidoria tenha recebido reclamações e encaminhado. Ninguém, nem mesmo Elio Gaspari a cita. Por que? Será que tentando ser mais do que isso e aquilo ela não venha a ser nada? Vamos testá-la?

sábado, 15 de novembro de 2008

Operação Satiagraha: Protógenes omitiu.

Definitivamente somos contaminados pelo formato da novela. Cada dia um novo lance no show. Parece que o juiz de Sanctis pediu para o delegado Protógenes não contar sobre as operações aos superiores pois se desconfia do envolvimento de escalões superiores. Acusam a ABIN de estar por trás do grampo do telefone do Presidente do STF. O deputado Raul Jungmann (que é do PSDB, oposição pois) processa o juiz de Sanctis por improbidade processual. Mais um caso para o detetive Poirot: todos parecem suspeitos e cada personagem que entra, vem do inesperado e também entra na lista. Lembram do caso PC Farias? Mas parece que, mais uma vez, ao contrário das aventuras do herói de Agatha Christie, no final não se desvenda o caso. Fica tudo no mistério. Será que é a falta de lareira na sala de visitas?

TAM: culpados por tragédia não devem ser presos

A respeito da tragédia da TAM em Congonhas, vemos o promotor (veja só, aquele supostamente na posição de acusar) Mário Luiz Sarrubo declarar: "Estamos diante de um crime culposo (sem intenção). Prefiro acreditar ainda no ser humano e imaginar que ninguém tinha intenção de cometer esse acidente, e sim que ele é resultado de negligências". Independente das crenças de nossos agentes judiciais, independente de suas convicções, alguém poderia me dizer qual é a diferença entre um ato doloso e um ato negligente? Se a consequência é a mesma, qual é a diferença? Quando será que nós, latinos de origem e católicos orfãos de Rousseau, vamos aprender que o que importa é o ato, o fato, e não a intenção? Os nórdicos e teuto-saxões já aprenderam isso a muito tempo! Me lembra aquele sketch do Casseta-Planeta. O gaiato empurra o sujeito na porta do avião aberta, em pleno vôo, e sem paraquedas. Aí grita para o infeliz em plena queda-livre: foi mal! Ou será que isso é só conversa? Não parece também uma desculpa esfarrapada? Mas vale o comentário acima. Se o promotor está mal-intencionado, por que será que essa desculpa cola?

sábado, 18 de outubro de 2008

E-Mail a Arnaldo Bloch

Prezado Arnaldo,
A respeito de sua coluna de hoje, 18/10/2008, você escreve: "Brando passou manteiga na bunda de Maria Schneider". Olha, eu acho que isso é lapso de memória, já que acredito piamente que você viu o filme. Eu não pude ver, quando foi lançado, na década de 70. Os censores da época achavam que perderia meus bons costumes se o visse. Fui vê-lo anos depois, quando morei na França e, sinceramente, perdi os meus bons costumes! Mas, voltando à cena, Arnaldo, foi o contrário. Tanto que minhas parceiras também perderam os bons constumes. Tive que chamar a atenção de uma, que queria dar uma de Maria Schneider, para o detalhe que ela, Maria, tinha cortado a unha em cena antes do ato, afinal. Maria Schneider não tinha bunda (embora sua xoxota fosse linda, ruiva, com efeito de luzes natural). Se fosse como você descreveu, a cena perderia intensidade.
Por outro lado, respondendo rapidamente sua pergunta: "Quem é o maior intelectual do Brasil?" eu direi: sou eu! Tenho 1,86m de altura e 120 quilos. Tem alguém maior do que eu? Agora só falta a parte do intelectual...

Seu leitor e admirador,

João Luiz Kohl Moreira

NB. Se me honrar em abrir essa mensagem ao público, por favor, preserve minha identidade. Prefireria que usasse meu pseudônimo Benedito Moreira. É uma questão pessoal, sabe. Mas não pense que sou megalomaníaco. Escrevo essa nota somente pensando em uma possibilidade.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Elio Gaspari e os Ministros da Fazenda

Elio Gaspari é um grande reporter mas sua visão de mundo, às vezes, parece tacanha. Hoje ele reclama que os ministros da fazenda, tanto aqui quanto nos EUA jamais "apertaram um parafuso". Disse que o último comprometido com a indústria por aqui foi Dilson Funaro. Elio deixa escapar que desconhece a lógica do capitalismo. Acha que o mundo se restringe a compromissos de uns com interesses de outros. Como se houvesse opção. Feliz e infelizmente, eu não estava no Brasil no período de Funaro. Infelizmente porque perdi um dos períodos mais histriônicos da história do Brasil. Felizmente porque fui poupado das consequências de sua catastrófica política do Plano Cruzado. Elio se esquece disso. Elege Funaro como um desses salvadores, lembrando-se apenas do discurso e esquecendo a prática. Como se Funaro tivesse iniciado sua carreira de industrial como auxiliar de ferramenteiro. Por sinal, será que Elio começou no jornalismo juntando tipos na gráfica do jornal? Do contrário como terá autoridade para representar o universo do jornalista? Ou então, será que ele teve um dos filhos de Roberto Marinho como seu foca? Se não, sua crítica de hoje se estende aos seus patrões nO Globo. Prá finalizar, a queixa de Elio Gaspari me faz recordar do discurso na minha formatura de meu diretor na faculdade, José Goldenberg. Sua postura grave indicava a seriedade com que encarava sua opinião. "O mundo já foi dos médicos. Também já foi dos advogados, dos engenheiros... Hoje é dos economistas. (pausa) Chegará a vez dos físicos!" Não é por nada não. Lidar com o mercado com equações da Mecânica Quântica? Mal posso esperar! Vocês não perdem por esperar! Físicos, uní-vos.