domingo, 12 de agosto de 2012

Veríssimo e o ouro de Berlim

Veríssimo quer que os alemães devolvam o ouro que os nazistas levaram da Grécia. Também acha que os europeus deveriam pagar o ouro que levaram da América. Parou aí? E a pilhagem do Templo e escravização dos palestinos para construir o Coliseu pelos romanos? E os tesouros pilhados no Caribe, os ataques dos franceses no Brasil?
A bem dizer da verdade, a questão não é "devolver" o que levou. Estão demonizando os alemães mas não veem o que eles estão propondo. Para gente como Veríssimo (que me decepcionou faz tempo, alguém capaz de produzir textos tão deliciosos não tem inteligência para ver as coisas além da superfície)  a questão é: os gregos precisam de ajuda! Não vão ajudá-los? Se você ver o que os alemães estão propondo (sim, eles tem uma proposta!) não se trata de, simplesmente, dizer não. As razões para a crise grega tem raízes na própria atitude dos gregos. Dizer: "a crise tem origem nos EUA" é a resposta? Primeiro, isso tem cara da velha mania de imputar aos outros a culpa pelas próprias limitações. Depois, se isso é verdade, os gregos (e quem mais se achar "vítima" da crise americana) pecam por depender demais dos americanos. Finalmente, olhando de perto para o sistema politico e econômico da Grécia, as razões da crise estão bem mais no lado interno do que o externo. Afinal, se os alemães "ajudam", mesmo em nome de um canhestro acerto de contas pelo ouro "pilhado", sem que uma correção radical na maneira dos gregos viverem e se organizarem, daqui a um tempo estaremos, novamente, clamando pela ajuda aos coitados dos gregos. Aí Veríssimo se encarrega de fazer a reserva de riqueza, que os alemães devolvam (melhor, paguem) pelo tesouro histórico pilhado. Depois... será ajuda humanitária, mesmo. Enfim. Os alemães, povo que sofreu o diabo com seus modos perdulários, aprenderam a poupar, se organizar, criar um sistema político afinado com seu modo de vida. Aí, vai uma ajuda dos ingleses e americanos (será que eles teriam de pagar por isso, também?). Agora, quando os alemães elevam a idade de aposentadoria para 67 anos, os gregos vão às ruas para protestar porque querem derrubar a aposentadoria na ordem dos 50! Por que os alemães tem que trabalhar mais de dez a mais? O que dizem os alemães é: vocês aí da Grécia, acertem suas vidas, vivam conforme suas possibilidades. Então ajudaremos. Mas nossos amigos "da esquerda" preferem por a culpa nas "pilhagens". Eu me pergunto qual é o conceito de riqueza que essas pessoas tem.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

STF aprova política de cotas

Ao aprovar a PCAPA, as políticas de cotas que assolam o país por unanimidade, o STF mostrou que é composto de arrivistas. Ao livrar a cara de um estuprador de uma menina de 12 anos, o STF mostrou que é inócuo. Ao mandar soltar, com direito a sursis antecipado, um assassino confesso de uma jornalista, sua ex-namorada, o STF mostrou que é temerário. Ao libertar um político corrupto, procurado no mundo inteiro pela Interpol, dando a ele imunidade completa em território nacional, o STF mostrou que é tanto ou mais corrupto.  STF, uma instituição desnecessária.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Miúdos


  • Delegada Martha Rocha está sendo alvo de representação administrativa pelo Sindicato dos Delegados da Polícia Civil. Entre outros, chama atenção o argumento: afastamento de um delegado em Campo Grande "ocasiona pressão psicológica nos policiais e, por consequência, uma baixa produtividade". Essa é boa. Se isso é verdade, esses senhore(a)s deveriam é serem exonerados. Policial que não sabe trabalhar sob pressão é melhor procurar outra coisa para fazer. Bordado, por exemplo.
  • STF julga hoje questão de cotas na universidade. Para mim, isso tem cara de cortina de fumaça. Esconde o problema muito maior da degradação generalizada do ensino no Brasil, em todos os níveis, público e privado. De que adianta empurrar gente para dentro da universidade se estamos formando gerações de semi-analfabetos? Houvesse o mesmo entusiasmo na moralização do ensino no Brasil, talvez as coisas não estivessem tão ruins.
  • Barcelona... sou Chelsea desde criancinha!
  • UFC. O palhaço falastrão e dublê de ultimate fight Chael Sonnen disse que mandaria "escova de dentes e sabão" ao Brasil e que enquanto ele brincava com as últimas novidades tecnológicas, os brasileiros brincavam na lama. Ele tem razão. E pior, seus brinquedos altamente tecnológicos sempre foram porcamente copiados por aqui, por conta da "proteção da indústria nacional". A verdade dói e dói mais ainda quando não reconhecemos nossa condição. Independente disso, acho que ele vai apanhar feio de Anderson (não é este um nome "copiado" deles?).

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Harvard, MIT & Brazil...

Elio Gaspari comenta que os bilionários brasileiros, ao contrário de seus pares americanos, não promovem filantropia acadêmica, como as que criaram a Universidade de Harvard e MIT. Elio Gaspari se esquece que há uma diferença fundamental, além da capacidade de juntar dinheiro, entre os "bi" de lá e os de cá. Lá, pelo menos desde o século passado, as pessoas são ricas porque desenvolvem negócios que alcançam dimensão nacional e internacional. Suas fortunas são fruto do talento e trabalho. Na maioria das vezes, às custas da exploração de mão de obra barata e em algumas, da vida de seus empregados, mas isso é tema de uma outra discussão e não invalida os termos de nossa comparação. Já nossos "bi", na quase totalidade, fizeram fortuna em consequência da cumplicidade com o poder público. Nossa cultura latina impõe um vínculo na maneira de fazer negócios no Brasil: donos do poder público escolhem seus parceiros e se associam a eles para explorar em cima de "brechas" legais, ou até mesmo de legislação elaborada expressamente para favorecer seus negócios. Então, aí está a diferença: lá quem enriquece é por ação capitalista, através do processo de acumulação de capital pura; aqui o rico é o contemplado pelo poder em um modo de operação semelhante ao mafioso. Bill Gates, um dos maiores bilionários de lá, fez dinheiro aproveitando uma brecha aberta pela inovação tecnológica. É verdade que o produto que ele colocou no mercado é suspeito em termos de qualidade (vide a tolerância das versões do MS-Windows com virus e outros porcarias que inventaram desde seu lançamento), mas a aceitação do mercado é incontestável. Por outro lado, o que já ouvi sobre a forma com que nosso maior bilionário fez sua fortuna me impede de tecer comentários sob o risco de comprometer minhas gerações bem além do que fizeram a Tiradentes, na pena a que foi submetido. Então, Sr. Elio Gaspari, por que os bilionários daqui não fazem como os de lá, nos States? Porque lá, criar universidades e centros de pesquisa lhes possibilitarão uma credibilidade que consolidará sua posição de bilionários. Aqui, para nossos "bi", tanto faz. O melhor é encher nossos políticos de mimos, dinheiro e sociedades. É muito mais barato.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Ex-menor deliquente é preso

Lembro de Lula falando: "Daqui a pouco vão querer prender a criança na barriga da mãe". Frase quase genial, pois calou a boca daqueles que defendem baixar a idade de maioridade penal para 16 anos. Certamente esses defensores trazem uma pequena carga de culpa, uma vez que se calaram diante da frase de Lula. É um paradoxo, afinal. Qual é a idade da "consciência de seus atos"? Dezesseis, dezoito, três, ou estado fetal, como levantou Lula? E eu pergunto: isso é relevante? Essas questões aparecem a mim diante da notícia que sai nos jornais de hoje. Ezequiel Toledo da Silva conta 21 anos de idade, atualmente. Quando contava 17, participou do assalto em Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, em que tomaram o carro de uma mulher que não teve tempo de tirar completamente seu filho de 7 anos do carrinho de segurança no banco de trás. O garoto foi arrastado por quilometros preso ao cinto de segurança. Diante de alertas os bandidos soltavam piadas a respeito.
O garoto morto, João Hélio, tinha uma semelhança com Ezequiel, do bando: ambos eram menores. Pois bem, diante do que Lula disse, tenho uma pergunta: qual é a diferença entre João Hélio e Ezequiel? Haveria diferença se os papeis fossem invertidos? Pelo exame frio e calculista, jamais saberemos a resposta. João Hélio não viveu para observarmos seu comportamente desde então. Porque a pergunta se coloca no sentido de "um garoto, aos 7 anos, que vai no banco de trás de um automóvel com a mãe e irmã de 13 anos, em uma cadeira de segurança concebida para tal fim, preso a um cinto de segurança pode, aos 17 anos, praticar um crime hediondo como esse em que Ezequiel participou"? Não sabemos.
Sabemos a sequência da vida de Ezequiel, que sobreviveu. Conta o jornal que, recolhido a uma unidade educativa (?) para menores infratores, na Ilha do Governador, Ezequiel participou de uma tentativa de asfixiamento a um agente da unidade. Tentou fugir, mas isso conta como atitude natural, não é? Nem chacal gosta de ficar preso. Hoje, aos 21, Ezequiel foi preso em Iguaba, Região dos Lagos, por posse ilegal de armas de fogo, tráfico de drogas e delitos associados. Aos 19, Ezequiel havia contado com sua inclusão em serviço de proteção a menores ameaçados de morte. Pobre Ezequiel! Acho que João Hélio, se vivesse, deveria ser beneficiado com esse serviço também, não acham?
Seguindo o exemplo de Ezequiel, quero deixar minha colaboração ao debate e complementar a frase de Lula, que me parece, ficou incompleta: "Por que, então, não transferimos a maioridade penal para 21 anos? Essa já é a idade mínima da responsabilidade civil, não é? E se colocássemos 25 anos? É a idade em que a pessoa está no auge de sua condição física, dizem os profissionais. Mais ainda, por que não fixamos a maioridade penal em 31 anos? Aí teríamos certeza que o indivíduo teria a completa 'consciência de seus atos', como querem os jurisprudentes deste país".

domingo, 12 de fevereiro de 2012

PT fez pum no elevador

Há um monte de estórias deliciosas para ilustrar as desculpas que petistas históricos se esmeram em dar a respeito da privatização dos aeroportos. Afinal, o neoliberalismo não é o demônio a ser combatido? Por sinal, eu não sei quem é "neoliberal". Nunca vi ninguém se apresentar como tal. Deve ser algo muito feio pois ninguém admite ser! Querendo saber o que é isso, consultei no Wikipedia e, pasmem, o texto é de petista! A julgar pelo viés "do contra" que se vê. A começar pelo contraditório entre iniciativa privada e pública: qual é a melhor. Irra! Como se essa fosse a questão! Mas vamos seguir o processo dos aeroportos para entender uma coisa que foge do debate. Vamos relembrar a decisão de ceder as "concessões". Quem ler o que se publicou na imprensa, na época, vai notar que fica no ar uma idéia de que era preciso acelerar as obras e barateá-las. Ficou no ar a impressão que, na hora que a coisa fica séria, é melhor chamar os empresários! Então, onde fica a idéia que a iniciativa pública é melhor, produz os melhores resultados e promove o bem estar? Quando é preciso fazer a coisa funcionar, privatiza! Essa é a idéia que corre por traz dessa privatização / concessão dos aeroportos: "gente, é preciso que os aeroportos estejam em condiçṍes para a Copa do Mundo". Chama os empresários, já que a INFRAERO não consegue sequer comprar limonada sem fazer licitação, com limão falsificado. Parece que por uma questão de honra, o Galeão fica com o governo. Eles acham que podem provar, no Galeão, que eles são capazes, que o anti-neoliberalismo não está acabado. Aí eu pergunto: se eles não foram capazes de acertar Guarulhos, Viracopos, Brasília, por que serão com o Galeão? Tirem o cavalo da chuva, minha gente. Na Copa do Mundo, e nas Olimpíadas a questão de transporte aéreo no Rio será um fiasco.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Luiz Estevão pagava R$ 200 por mes para quitar dívida de R$ 300 milhões

Deu nO Globo de hoje que a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional derrubou, no STJ, o direito da Empresa de Luiz Estevão de parcelar sua dívida pagando R$ 200 por mes para quitar uma dívida de R$ 300 milhões, direito que conseguiu sob argumento de que sua empresa OK Construções é de pequeno porte. O sr. Luiz Estevão é um caso clássico (pois viceja em Brasília, especialmente) de um "especialista" em achar brechas na legislação para tirar proveito, no limite da legalidade, e certamente muito abaixo de qualquer conceito ético. O pessoal que estuda a matemática da evolução de sistemas complexos, como vida artificial e algoritmos genéticos e evolutivos, chama isso de parasitagem. O sr. Luiz Estevão é, no conceito acadêmico do termo, um parasita. Pois, para a matemática, a parasita testa as funções de fitness, isto é, a maneira com que cada espécie desenvolve seus mecanismos de sobrevivência. Esse ramo do conhecimento é, para mim, um dos mais sedutores que conheço e, no limite, está intimamente ligado ao que poderíamos chamar "modos operandi" não só do processo vital, mas de todo o universo. No entender desses estudiosos o processo de parasitagem, longe de ser prejudicial, é fundamental para o aprimoramento da espécie parasitada e muitas vezes a interação parasita-hospedeiro evolui para um quadro de mutualismo, onde parasitas e hospedeiros cooperam de forma simbiótica, produzindo seres muito mais poderosos que a soma dos originais. Um caso clássico de parasitagem que evoluiu para o mutualismo são as mitocôndrias, presentes em todos os seres evoluidos. Mesmo que a parasitagem não evolui para o mutualismo, esse processo de teste promove um vínculo a mais para o hospedeiro desenvolver suas defesas, e esse processo exige mais do parasita que evolui impondo vínculos mais estritos, que faz o hospedeiro procurar por mais evolução e esse processo autoalimentado promove um círculo virtuoso em direção ao aprimoramento, ou desbanca para um círculo vicioso que termina com a extinção do hospedeiro. Este último parece ser o caso de nosso sistema de poder. O pior é que a visão da extinção em Brasília parece muito remota para ser sequer aventada. O processo de extinção em um sistema de poder pode ser exemplificado na dissolução da União Soviética. Um sistema podre cuja demolição estava sendo prevista há muito tempo. Na falta de alternativas tangíveis (lembrem-se, era uma ditadura e não admitia oposição, sequer alternativa na mesma linha ideológica), o sistema ruiu por si mesmo. Coisas parecidas acontecem nos sistemas econômicos americano e europeu, mas aí, há alternativas. No Brasil não faltam alternativas. Parasitas irão testar o sistema de poder à exaustão. Vão parasitar o Brasil, sem chance de evoluir para o mutualismo, e o povo brasileiro vai aceitar esses parasitas sem qualquer movimento evolucionário até o Armagedon, que é uma má tradução do hebraico "Mar Heggida", isto é, o Monte Heggida, que fica no Irã e é onde as tropas angelicais vão bater os exércitos da humanidade, totalmente corrompida. A discussão aqui é quem vai representar as tropas angelicais: os israelenses, os aiatolás, os talibãs, os americanos ou os diplomatas brasileiros orientados por Lula, liderados pelo Megalonanico...