terça-feira, 6 de abril de 2010

Brecht e o Brasil de hoje

A história que contei hoje, ilustra, de forma apavorante, o que vem se intensificando no Brasil já há um certo tempo. É bem verdade que não começou com o governo Lula, mas nele, intensificou-se. Já dizia, alguns meses depois da posse de Lula, em 2002, que, estranhamente, o estado das coisas me lembravam os tempos dos militares. Hoje, sou capaz de ver que, além da falta de governo (naquele tempo os militares mais sabiam bater do que comandar), há, naquele tempo, e hoje, uma desconexão entre as instâncias superiores e aquelas que se ocupam do serviço propriamente dito. Pouco a pouco, a demagogia e, o que é pior, a hipocrisia se instalam. Cinistmo e dissimulação: não foi o que me aterrorizou no filme "A Fita Branca"? (ver texto anterior meu).
Então, mais do que nunca, a sequência de Brecht se aplica ao Brasil desses nossos tempos:
"No início foi alguém da outra rua. E eu me calei. Depois foi um vizinho. E eu me calei. Depois foi um parente meu. E eu me calei. Depois fui eu mesmo. E não havia ninguém para se manifestar".

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