quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Elio Gaspari e a crise de 1999

Elio Gaspari é um grande reporter, entende um bocado de história, mas não entende lhufas de economia. Ou não quer entender. Comentando declarações de Ciro Gomes, Elio faz uma retrospectiva precária dos fatos em 1999. A crise da Ásia chegou ao Brasil com um Fernando Henrique na presidência atuando como sempre lhe convinha. Quando discordava de algum de seus ministros ou de suas políticas, iniciava um processo de fritura demolidor. Em público falava bem, mas no privado era sincero. Não foi diferente com a política da âncora cambial do Banco Central. Nunca escondi, de quem me ouvia (em particular), o que acho de Fernando Henrique. Vou usar de seu próprio veneno, e me calo em público (como José Serra). Mas, nesse episódio, Fernando Henrique brincou com fogo e mostrou como, sendo ele "blindado" pelo cargo de presidente (vide Lula), acabou provocando um incêndio em que muita gente se queimou. A começar pelo próprio Gustavo Franco, a quem F.H. procurou para se aconselhar, quando, em Búzios, se recuperando da gestão de presidência do Banco Central, de onde tinha acabado de sair, assistia o país entrar em espiral descendente na louca política de "preços livres", com um Chico Lopes, mais perdido que bêbado em sábado de carnaval na Lapa. Fernando Henrique, na sua confortável tática de fritura, brincou com o mercado, que não é para amadores, e o resultado foi uma catástrofe. A crise de 1999 teve um só autor: FFHH. O que seria mais engraçado, se não fosse tão trágico, é que quem foi penalizado foi o único que apostou no Real contra o Dólar: Cesare Cacciola. Italiano de nascimento, talvez não percebeu - e esse foi seu pecado - que o movimento de massa (massa em termos de grana) sinalizava uma informação privilegiada: o mandatário máximo da nação estava apostando contra o Real. Deu no que deu. Não digo que Cacciola é santo. Mas quem é, nesse meio?

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